Mortes violentas ficam mais frequentes na pandemia no Paraná; crimes patrimoniais caem

Por Bem Paraná

O Paraná registrou em 2020, o primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, uma importante redução nas ocorrências de crimes patrimoniais, como furto e roubo de veículos, roubo a residências e a estabelecimentos comerciais. Por outro lado, as mortes violentas intencionais (MVI) tiveram alta no estado, com especial destaque para os homicídios dolosos e as mortes decorrentes de confronto policial.

Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e fazem parte da mais recente atualização do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicação que se baseia em dados oficiais, fornecidos pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes da Segurança Pública.

Em 2020 o Paraná registrou um aumento de 11,2% no total de mortes violentas intencionais, passando de 2.219 registros em 2019 para 2.486 no ano seguinte. A alta se explica, principalmente, pelo crescimento de 12,81% no número de homicídios dolosos (de 1.780 para 2.008) e também pela alta de 29,51% nas mortes decorrentes de intervenção policial (de 288 para 373). O dado representa um recorde desde que as estatísticas começaram a ser compiladas.

Por outro lado, os crimes contra o patrimônio tiveram queda expressiva no estado. Os roubos de veículos, por exemplo, caíram 25,2%, passando de 5.790 registros em 2019 para 4.457 em 2020; no mesmo período, os furtos de veículo caíram 27,2%, passando de 16.005 para 12.002.

Ainda na categoria de crimes violentos não letais contra o patrimônio, há outros tipos de roubo, como os contra estabelecimento comercial, residência, instituição financeira, transeunte e roubo de carga. No ano passado, foram verificados 33.209 registros desse tipo, 32,4% a menos que em 2019 (48.798). As quedas ocorreram, principalmente, entre os roubos a transeunte (22.185 registros em 2020, 35,7% a menos que no ano anterior) e entre os roubos a estabelecimento comercial (5.233, com -21,7%).

Chamadas de violência doméstica crescem 16,7%

No ano passado as chamadas via 190 denunciando possíveis casos de violência doméstica tiveram aumento de 16,7% no Paraná, passando de 54.274 ligações em 2019 para 63.345 no ano seguinte, o equivalente a 7,5% do total de chamadas 190 no ano passado.

Não só as denúncias, contudo, se tornaram mais comuns, mas também as ocorrências de lesão corporal dolosa/violência doméstica, que subiram 0,5%, passando de 17.810 casos num ano para 18.038 no outro.

Por outro lado, os casos de feminicídio tiveram queda de 18,6%, com 73 registros; enquanto as tentativas de feminicídio registradas caíram 5,5%, com um total de 60 casos.

Em três anos, número de armas nas mãos de civis cresce 61%

Em apenas três anos, o número de armas de fogo nas mãos de civis teve um aumento de 61,02%, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2017, segundo a Políci Federal, o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) contabilizava 47.634 registros de armas ativos. Ao final do ano passado, o número subiu para 76.701.

O fenômeno, no entanto, está longe de ser uma exclusividade paranaense. Com a facilitação no acesso a armas e também um aumento do arsenal por decretos editados pelo presidente Jair Bolsonaro, o número de registros de posse de arma ativos no país teve crescimento superior a 100% entre 2017 e 2020. Nesse período, o número de registros no país subiu de 638.972 para 1.279.491 – alta de 100,6%.

Números

Mortes violentas intencionais (MVI) no Paraná
Total de MVI
2020: 2.486
2019: 2.219
Variação: +11,2%

Homicídio doloso
2020: 2.008
2019: 1.780
Variação: +12,81%

Latrocínio
2020: 60
2019: 99
Variação: -39,39%