Lixo hospitalar produzido em 2020 já supera o total descartado em todo 2019

A pandemia do coronavírus não expõe a níveis exagerados até mesmo a produção de lixo hospitalar. Na Fundação Hospitalar do Paraná (Fundhospar), a antiga Santa casa de Cianorte a produção de lixo hospitalar registro até este mês de agosto já é superior ao que foi gerado e descartado em todo o ano de 2019. 

De acordo com a direção do hospital, até agora já foram produzidas e recolhidas 25,4 toneladas de lixo hospitalar. Enquanto em todo o ano de 2019 foram 24,5 toneladas.

De acordo com a coordenadora de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Maria Alice Fernandes Bego, a quantidade de lixo produzida aumentou expressivamente durante o período de pandemia, principalmente devido à utilização dos equipamentos de proteção (EPIs) que precisou ser diária e com troca constante. “Produzimos muito lixo, se vai ao banheiro tem que retirar todo o equipamento de proteção e colocar um novo. Se vai comer, é preciso fazer a mesma coisa. Então produz muito lixo, aventais, luvas, máscaras, tudo fica contaminado”, explicou.

Os cuidados necessários com os materiais descartados precisaram ser redobrados e os protocolos da Vigilância Sanitária precisaram ser seguidos à risca.

O lixo químico teve o maior aumento durante o período, pois tudo o que passa pelas alas de Covid-19 acaba sendo contaminado, sejam itens recicláveis ou não, tudo se torna contaminado e precisa ser incinerado. Em julho, o lixo contaminado somou 5,1 toneladas, a maior quantidade do material.

“Devido à pandemia, que começou em meados de março, a gestão e os coordenadores do hospital montaram três setores para fazer o fluxo do paciente desde a entrada até a provável alta. Então no pronto socorro, clínica e UTI da Covid-19 todos o lixo gerado causa um aumento brusco na quantidade de resíduos, primeiro porque são pacientes que não existiam antes, e segundo, devido a grande quantidade de EPIS”, explicou a coordenadora.

Segundo Maria Alice, todo o resíduo gerado nesses setores tem apenas um destino que é a incineração. “Ali não recicla nada. Não gera lixo comum, todo o resíduo inclusive alimentação, tudo o que é gerado ali dentro vira lixo contaminado”, esclareceu.

“Todo o resíduo do hospital tem diversos fins, e somos responsáveis desde a geração do resíduo até a destinação final. Então a maior parte do resíduo hospitalar, que são os contaminados, é gerado no setor, armazenados de forma correta transportada até o abrigo externo do hospital e de lá a empresa contratada com licença ambiental e sanitária recolhe em furgão, em um contêiner, e envia para o Mato Grosso”, esclareceu a coordenadora.

Conforme Maria Alice, a empresa contratada recolhe todo lixo contamiado de forma asséptica e cumprindo todo o rigor da lei. A principal portaria a ser seguida é a 222 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Lixo contaminado é colocado em galões e separado dos demais. Foto: Renata Martins

Protocolo e segurança

O lixo produzido no hospital é levado a um local específico na unidade de saúde com uma entrada específica para que os caminhões da empresa que os recolhe retire os materiais. Todo o material contaminado é colocado em galões diferenciados, que antes não eram necessários. Esses galões são pesados pela empresa e possuem marcações devido ao perigo que podem apresentar.

Os materiais recicláveis que são produzidos pelo hospital – os plásticos e papeis limpos – vão para a Associação dos Catadores de Cianorte e são retirados uma vez por semana. Os contaminados – que são os perfuros, peças anatômicas, sangue, todos os tipos com efluentes humanos – são retirados três vezes por semana pela empresa contratada, a BiaAccees, e incinerados em Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Já resíduos comum são retirados todos os dias pela Sanepar e enviados para o aterro sanitário da cidade. O papelão é retirado uma vez por semana pela empresa Moreti e os resíduos de fluídos da UTI são retirados uma vez no mês pela empresa Ross Medical.

Treinamento

Segundo a gestora assistencial do hospital, Angélica Poncetti, foram necessários diversos treinamentos para que os profissionais começassem a seguir todos os protocolos de segurança. “Conseguimos fazer um trabalho muito bom, foram muitas estratégicas traçadas”.

Como conta Angélica, hoje a equipe que trabalha nas alas Covid-19 tem cerca de 40 profissionais fixos treinados e preparados para atender a população. A equipe relacionada aos setores de coronavírus não tem contato com os demais funcionários do hospital, tudo para garantir a segurança.

De acordo com Angélica, os profissionais da saúde foram treinados inclusive na hora de colocar e retirar os equipamentos de proteção. “Os profissionais tem que ser treinados para se paramentar seguindo todo o protocolo de qual dos EPIs ele coloca primeiro e qual ele deve retirar por último. Existem alas para isso. Tem um hall de entrada, onde ele dá inicio a paramentação e termina dentro do setor, e vice versa. E até o término de todo o protocolo que é o banho”, explicou a gestora.

 

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