Pedidos de socorro a animais dobram no período de pandemia

Durante o período de pandemia do novo coronavírus, não foram apenas os números de desemprego que aumentaram. O registro de pedidos de socorro a animais de estimação de famílias carentes também cresceu nos últimos meses. De 50 pedidos de ajuda mensais, o número subiu para 100.

A ONG Amigo de Patas recebe chamados diários de pedidos de ajuda aos animais de famílias necessitadas, principalmente durante o período crítico causado pela Covid-19. Conforme a presidente da ONG, Luzanira Mendes, as famílias pedem ajuda por não terem condições de cuidar dos animais. “Eles falam que estão com os animais doentes e que não podem levar ao veterinário por estarem sem emprego”, explicou.

Segundo a presidente, as famílias conseguiam tomar conta dos animais antes da pandemia, mas depois não tiveram mais condições. “Ainda nesse período os animais começaram a sofrer com doenças de carrapatos e as pessoas não conseguem levar no os seus pets no veterinário, por não ter condição”, lamentou.

Conforme a presidente, todos os dias aparecem situações de maus tratos. “Dão quase 100 casos por mês, seja gato atropelado, envenenamento, que está acontecendo muito ultimamente também”, contou.

De acordo com Luzanira, o canil da cidade apenas atende animais que estão nas ruas, mas os que estão dentro das casas é responsabilidade da família, por isso eles entram em contato com a ONG. Porém, conforme a presidente, a situação da organização é difícil. “A ONG não tem recursos pra ajudar, mas o que fazemos? A gente vai atrás de doação, postamos nas redes sociais, fazemos vaquinhas. Quase todo dia tem alguma coisa. Postamos nas redes e aguardamos para ver se conseguimos alguma ajuda”, afirmou.

“Temos uma lista de animais que precisa de ajuda. Temos casos como prioridade que não tem como esperar. E aguardamos, Ás vezes aparece uma consulta de presente, às vezes alguém paga metade da consulta e arcamos com o restante. Temos seguido assim”, esclareceu a presidente.

Abandono

Conforme Luzarina Mendes, o abandono de animais está muito mais ligado aos casos de donos que mudam para moradias menores e sem local adequado acabam abandonado seus pets. “Depois que mudam, não querem mais levar o animal e colocam para adoção um animal adulto. É muito sério isso, pois é muito mais difícil de adotar”, explicou.

De acordo com a presidente, outro grande problema está relacionado aos gatos, pois eles estão em período de procriação. “Isso acontece por época, e como não temos atendimento apenas para gatos no município, enfrentamos muitos problemas com eles”, explicou. “Nossa linha é lar temporário, quando achamos uma ninhada de gatinhos, pedimos nas redes sociais para que alguém acolha os animais. Enquanto isso, ajudamos com ração até chegar a época de adoção”, acrescentou.

O que pode colaborar com a redução do abandono dos gatos é a castração. De acordo com a presidente da ONG, a castração dos animais é de extrema importância. “O que ajudou muito foi que a Secretaria do Meio Ambiente começou com a castração de gatas fêmeas. Então daqui pra frente o número vai reduzir”, explicou. “É importante que as pessoas tomem conhecimento disso, pois a secretaria pode colaborar”, reforçou.

Adoção

Os números de adoções também reduziram durante a pandemia. Antes da doença, a ONG organizava feiras de adoção que ajudava na visibilidade, mas que agora não é permitido. “Nós recolhemos os animais, colocamos nas redes, mas não tem tantas adoções. É bem mais difícil”, afirmou.

As adoções ainda acontecem semanalmente, mas o número caiu expressivamente. No momento, a ONG possui 60 animais para adoção, entre gatos e cachorros que estão em lares temporários, abrigo e na própria ONG.

De acordo com Luzarina, as pessoas têm pensando muito ao adotar. “Não apenas pela questão da pandemia, mas porque elas têm medo de adotar e não conseguir cuidar do animal. Existem muitas responsabilidades, e acabam com medo de não conseguir acatar tudo”, afirmou.

Venda de máscaras ajudou a ONG com dívidas, mas gastos continuam aumentando

Logo no início da pandemia, a ONG Amigos de Patas começou a produzir máscaras como forma de arrecadação. “Até o mês de maio conseguimos pagas todas as despesas e contas com veterinários. Deu para nos virarmos bem com o dinheiro das máscaras”, contou a presidente da ONG, Luzanira Mendes. Segundo ela, foram feitas em torno de cinco mil máscaras.

Porém, desde o mês de junho, a situação da ONG tem se complicado. “Como não temos mais tanta procura de máscaras, temos que inventar outras coisas. Inventamos rifas do Dia dos Pais, vaquinha online. Já era difícil e agora está muito mais”, contou. “Às vezes aparecem umas pessoas que enviam algum dinheiro, alguns anjos que nos ajudam”, acrescentou.

“A crise nos tirou do vermelho, pagamos muitas contas e despesas com a sede, devido às máscaras. Respiramos um pouco, mas do último mês pra cá complicou um pouco. Ainda temos cerca de R$ 30 mil em dívidas”, disse a presidente.

Segundo Luzanira, com as arrecadações das máscaras foi possível pagar dívidas antigas, mas a cada dia a ONG tem novas despesas. “Não tem como deixar para o mês que vem, ou faz algo na hora ou o animal morre. Aí acabamos assumindo mais uma dívida”, finalizou.

Máscaras produzidas pela ONG ajudou no pagamento de grande parte de dívidas. Foto: Renata Martins

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