Safra de grãos de verão 2021/22 deve ter crescimento de 9% no Paraná

Agência Estadual

A primeira projeção para a safra de verão 2021/22, divulgada ontem (26) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. A previsão é que sejam produzidas 25.509.900 toneladas em 6,2 milhões de hectares contra 23.301.770 em 6,1 milhões de hectares na safra 2020/21.

“Estamos dentro de uma estiagem terrível, estamos a poucos dias de começar a semear soja no Paraná, já começamos a plantar feijão, então há a tentativa de renovar a vida”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Ele destacou que há expectativa de crescimento na área de soja e em milho, ainda que ocorra uma redução em feijão, os três principais produtos dessa safra.

O chefe do Deral, Salatiel Turra, também fez uma análise do momento vivido pela agricultura paranaense. “Ainda estamos com problemas climáticos, ainda tem efeitos de uma geada bastante preocupante e da estiagem, o que pode ser preocupação a partir de 11 de setembro quando abre a temporada para o plantio da soja primeira safra”, disse. “Os preços estão animadores no momento, mas o período para tomada de decisão é muito curto, então quem tinha se programado para plantar soja deve plantar soja”.

 SOJA 

Entre os principais grãos produzidos no Estado na safra de verão, também chamada de primeira safra, a soja deve render 20.954.700 toneladas. Esse volume representa aumento de 6% em relação à primeira safra do ciclo 2020/21, quando foram colhidas 19.768.900 toneladas. A área reservada pelos produtores para o plantio é de 5.616.770 hectares, acréscimo de 1% em relação ao período anterior.

“É a maior área da história”, acentuou o economista do Deral, Marcelo Garrido. “A soja vive um bom momento de preço há muitos anos e apresenta maior liquidez entre os produtos agrícolas, incentivada principalmente por muita exportação”. Segundo o economista, o que impulsiona o produtor é a segurança da cultura. “É a cultura que apresenta menos volatilidade de preço, é uma safra em que o produtor se garante, por isso continua apostando na soja.”

 MILHO

Ainda que as estimativas de perdas da segunda safra, que é a mais importante em termos de rendimento no Estado, tenham sido elevadas de 8,5 milhões de toneladas para 8,7 milhões, em decorrência do clima e de pragas, os produtores não desanimaram. A cultura é a que tem maior previsão de aumento para a primeira safra 2021/22.

Pela estimativa do Deral, devem ser produzidas 4.116.200 toneladas, volume 32% superior às 3.115.200 toneladas do mesmo período no ciclo anterior. Em termos de área, os produtores ampliaram de 372,5 mil hectares para 422 mil hectares (+13%).

As chuvas dos últimos dias e as previstas até este sábado (28), sobretudo nas regiões Oeste do Paraná e nos núcleos de Guarapuava e Ponta Grossa, devem fazer o plantio ganhar ritmo forte nos próximos dias. Além disso, os preços estão muito bons, com valores em torno de R$ 90 a saca, e animam os produtores. “Não há razão para não comercializar antecipadamente boa parte da safra que está plantando para se calçar financeiramente”, afirmou o técnico.

 FEIJÃO

A previsão é que o segundo maior aumento porcentual em produção seja no feijão. Enquanto a primeira safra 2020/21 rendeu 257 mil toneladas, na atual deve chegar a 284,6 mil toneladas, o que representa acréscimo de 11%. O resultado é expressivo levando-se em conta o decréscimo de 6% na área a ser plantada, que cai de 152,6 mil hectares para 143,9 mil.

“Talvez este seja um dos anos de mais incerteza climática, porque a transição outono/inverno/primavera já há alguns anos apresenta uma escassez no regime de chuvas, mas neste ano é demais, o que leva uma inquietação para o produtor”, afirmou o agrônomo Carlos Alberto Salvador.

Além de maior sensibilidade às adversidades climáticas, o feijão tem preço bastante volátil para o produtor, que ainda enxerga a remuneração mais segura proporcionada pelo milho e soja. “O produtor menor continua no feijão, mas o mediano já tem condições de optar entre soja e milho e está havendo migração para essas duas culturas”, disse Salvador.