Duplicação da PR-323 até o Rio Ivaí leva desenvolvimento a cidades do Noroeste do Paraná

Agência Estadual

A ansiedade dos moradores de Paiçandu e Doutor Camargo que aguardam por uma estrada melhor no Noroeste do Paraná está mais perto do fim. Duas obras no principal eixo rodoviário da região, a PR-323, serão concluídas ainda neste ano, modernizando o corredor de escoamento da safra e da produção industrial na macrorregião de Maringá. A construção do viaduto de acesso ao distrito Água Boa e a duplicação de 6,3 quilômetros até o Rio Ivaí complementam a primeira parte da obra, já finalizada, de 20,75 quilômetros de duplicação entre Paiçandu e Doutor Camargo.

Um alívio e tanto para os vizinhos da rodovia. Entre as vantagens, eles destacam a diminuição do tempo para se chegar a Cianorte ou a Maringá; a possibilidade de ultrapassar caminhões e veículos pesados com segurança; e, especialmente, preservar vidas de motoristas e pedestres que precisam circular diariamente por aquela estrada, apelidada por muitos de rodovia da morte.

“Moro há 40 anos aqui no Água Boa (distrito de Paiçandu) e sempre escutei a promessa da obra de duplicação. Lembro que era para ter sido feita em 2013, mas deu problema com a construtora. Tudo isso deixou o pessoal aqui bem ansioso”, conta o técnico em radiologia Aparecido Banki Maçao, um usuário frequente da PR-323. “Trabalho em Maringá e preciso fazer esse percurso diariamente. Antes, eu levava 30 minutos, agora, preciso de menos da metade do tempo. Melhorou muito”.

A transformação do eixo rodoviário é resultado do investimento de quase R$ 130 milhões do Governo do Estado. O segmento duplicado inicialmente custou cerca de R$ 90 milhões. Já as ações em andamento somam R$ 38,3 milhões, ambas fruto da parceria com o Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID).

“A PR-323 é um dos maiores eixos rodoviários do Paraná e já deveria ter sido duplicada há muito tempo para ampliar a sua capacidade de trafegabilidade e trazer mais segurança aos motoristas e moradores”, destaca o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Desde o início da gestão nos comprometemos com a modernização dessa rodovia, é um sonho que aos poucos vai se realizando”.

O trecho em obras vai do km 174,2 ao km 180,5. Além da duplicação, o projeto prevê a implantação de vias marginais e de um viaduto de acesso a Doutor Camargo. Também faz parte do projeto retorno entre os quilômetros 178 e o 180, para quem sai de Doutor Camargo e precisa voltar ao município. A velocidade diretriz da rodovia será de 80 km/h.

Os serviços incluem ainda terraplenagem, drenagem, construção de galeria celular, pavimentação, sinalização e serviços complementares para implantar a nova pista paralela à existente. “Isso que está acontecendo agora era um sonho de muitos anos. Tinha o projeto, mas não andava, não concluía. Agora sim, vai ficar excelente. Mais seguro e confortável para as pessoas e com mais agilidade para quem precisa retirar os produtos do campo”, afirma o agricultor Jorge Pedro Frare, produtor de soja e milho na região há mais de 40 anos.

“Uma obra importante, de que o pessoal falava desde sempre”, acrescenta o atendente Agnaldo Aparecido Barbosa, que dá expediente em uma das tantas lanchonetes à margem da rodovia.

ECONOMIA

Os benefícios ainda vão além. Poder público e líderes empresariais já começaram a articulação para atrair novas empresas para a região. A intenção é aproveitar as facilidades da nova ligação com Maringá e Cianorte para fomentar um polo industrial no trecho.

Gerente de um movimentado posto de combustível no acesso de Água Boa, Osvaldo José Miguel foi um desses “apressadinhos”. O complexo que administra ao lado da irmã vai trocar a tímida lanchonete por um imponente restaurante, com capacidade de atender mais de 100 pessoas no almoço e para fornecer marmitas aos motoristas que passam pela estrada.

“Vai aumentar o fluxo da rodovia e, também, o nosso movimento. Com isso podemos pensar em contratar mais funcionários”, afirma o gerente. “Novas empresas e mais serviços serão criados por causa desta duplicação”, aposta o garçom Salvador de Souza Silva.

O aquecimento da economia é projetado também pela Associação Comercial e Empresarial de Paiçandu (Acip). Presidente da entidade desde setembro do ano passado, Leandro Bavato Todon destaca também a localização privilegiada como outro atrativo da região. “Somos um polo agrícola, de grãos. Estamos próximos a Maringá, e o que faltava era a duplicação, uma vitória nossa, que, claro, significará mais investimentos, visto que o empresário precisa de infraestrutura para investir”, diz.

Movimentações que obrigaram as prefeituras locais a antecipar o planejamento. “O Governo do Estado atendeu a um pedido da população. Agora precisamos nos preparar para atrair indústrias e empregos. Queremos, em pouco tempo, implementar um parque industrial no município”, revela o prefeito de Doutor Camargo, Édilen Henrique Xavier, o Mineiro. “O impacto comercial será gigantesco, sem a menor dúvida”, emenda o prefeito de Paiçandu, Ismael Batista.

CORREDOR

A PR-323 é a principal ligação do Noroeste com o Mato Grosso do Sul e países do Mercosul e passa por várias cidades do Estado. A rodovia suporta toda movimentação proveniente do polo têxtil e o escoamento da safra de importantes regiões produtoras paranaenses.

Para o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), Fernando Furiatti, além da questão estratégica no escoamento da produção, esta intervenção também atende à demanda da população, que usa a PR-323 para acessar outros centros do Estado. “Este é um corredor de extrema importância, seja para escoar a produção até Paranaguá, seja no deslocamento das pessoas. Esse tipo de intervenção aumenta a segurança e reduz muito o índice de acidentes”, ressalta.

PLANO ESTRATÉGICO

As obras contam com recursos do Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná, uma parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além da modernização do corredor Paiçandu/Doutor Camargo, estão em execução as terceiras faixas em pontos críticos da PR-323 entre Doutor Camargo e Iporã, um investimento de R$ 59,4 milhões para atender 24 quilômetros identificados como os que apresentam maior potencial para acidentes.