Beto Preto diz que governo vai ampliar restrições e usar UTI geral para Covid

Das Agências

O secretário de Estado de Saúde do Paraná, Beto Preto, disse na tarde de ontem (25) em entrevista que o governo do Paraná deve anunciar no máximo até o fim do dia de hoje (26) novas medidas para conter a onda de Covid-19 e aliviar a pressão no sistema de saúde. Ele disse que o governo pretende ampliar o horário de toque de recolher, antecipando para 20 horas e pela primeira vez o Estado vai destinar leitos de UTI geral para casos covid também. Ele descartou o lockdown.

“O quadro é muito grave, os números começaram a subir e a nossa capacidade técnica de atender todos os doentes está próximo do fim. A nova estratégia é utilizar leitos de UTI geral para covid. Com o toque de recolher mais rígido em todo o Estado e um trabalho junto com a segurança, pretendemos reduzir os casos de traumas por acidentes e armas brancas e de fogo para usar esses leitos para covid. É nossa última cartada. Não temos mais capacidade de criar novos leitos, por falta de equipe, equipamentos e espaços físicos”, afirmou o secretário. Ele também apontou que com o aumento de internações, a falta de medicamentos voltou a ser uma preocupação: “Tínhamos estoque garantido para 15 a 20 dias e agora só vai dar para 7 a dez dias”.

De acordo com Preto, hoje o estado dispõe de 1200 leitos de UTI geral e a ideia é usar de 150 a 200 deles, principalmente os de trauma, para Covid. “Ao longo de um ano criamos 4700 leitos, o que equivale a 47 hospitais de campanha. Na crise de março ainda conseguimos ativar alguns leitos, dez aqui, cinco lá. Agora não temos mais condições técnicas para isso. Por isso nossa última cartada. A situação ainda não é caótica, mas está perto de ficar”, disse ele. O índice de transmissão do coronavírus no Paraná está em 1,16, o que significa que 100 pessoas contaminadas transmitem para 160.

Ele chamou atenção para o novo perfil de internados com Covid no Paraná: “Metade dos internados no Paraná tem menos de 60 anos. São pessoas mais jovens, de 30, 40 anos, que lutam mais tempo contra a doença e acabam ocupando mais tempo os leitos e isso também piora a pressão no sistema de saúde. É um novo perfil da Covid-19”.  Preto descartou no entanto medidas mais restritivas como lockdown no Estado inteiro, mas espera contar com a colaboração da população.

Fila

A fila de pacientes com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 aguardando por um leito de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou leito de enfermaria no Paraná cresceu pelo 12º dia consecutivo. Segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (Sesa-PR), nesta terça-feira 1.120 pacientes aguardavam por internação no estado, sendo que a maioria (577) esperava por um leito em UTI (e outros 543, em enfermaria).

 

Com mais esse aumento, a fila de espera acumula, no período de um mês, crescimento de 308,76%. No dia 25 de abril, 274 pessoas no estado aguardavam por internação, 112 delas necessitando de tratamento intensivo e outras 162 esperando por um leito em enfermaria.

Em um mês, portanto, a fila de espera mais que quadruplicou no estado, com aumento de 415,18% na quantidade de pacientes aguardando por leito em UTI e de 235,19% na de pessoas que esperam por internação em enfermaria.