CPI da Covid: governo não aceitou propostas que previam 1,5 milhão de doses em 2020, diz Pfizer

Por G1

O gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou nesta quinta-feira (13) à CPI da Covid que o governo brasileiro não respondeu no ano passado a ofertas de contratos apresentados pela empresa que previam 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020.

O Brasil acabou fechando contrato com a Pfizer só em 19 de março deste ano, quando a pandemia estava no auge, o sistema de saúde nos estados estava em colapso e a vacinação no país mantinha-se em ritmo lento. As primeiras doses da Pfizer começaram a chegar nos últimos dias de abril.

De acordo com o executivo da Pfizer, a empresa apresentou, em agosto, três propostas para o governo, que ficaram sem resposta. As três previam um contrato de 30 milhões de doses ou de 70 milhões de doses.

Os termos das propostas para 70 milhões de doses em agosto, segundo Murillo, foram os seguintes:

1ª PROPOSTA (14 de agosto de 2020)

  • 500 mil doses ainda em 2020
  • 1,5 milhão de doses no 1º trimestre de 2021
  • 5 milhões de doses no 2º trimestre de 2021
  • 33 milhões de doses no 3º trimestre de 2021
  • 30 milhões de doses no 4º trimestre de 2021

2ª PROPOSTA (18 de agosto de 2020)

  • 1,5 milhão de doses ainda em 2020.
  • 1,5 milhão de doses no 1º trimestre de 2021
  • 5 milhões de doses no 2º trimestre de 2021
  • 33 milhões de doses no 3º trimestre de 2021.
  • 29 milhões de doses no 4º trimestre de 2021

3ª PROPOSTA (26 de agosto de 2020)

  • 1,5 milhão de doses para 2020
  • 3 milhões de doses para o 1º trimestre de 2021
  • 14 milhões de doses para o 2º trimestre de 2021
  • 26,5 milhões de doses para o 3º trimestre de 2021
  • 25 milhões de doses para o 4º trimestre de 2021

Em todas as ofertas, o preço foi de US$ 10 por dose, segundo Carlos Murillo. A Pfizer já havia relatado em nota, em janeiro de 2021, que havia feito as ofertas para o país.

Murillo relatou à CPI que, depois das ofertas de agosto, foram feitas ao governo brasileiro propostas também no mês de novembro. A partir de então, todas as ofertas só se referiam a 70 milhões de doses. Também as de novembro não foram aceitas pelo Brasil

4ª PROPOSTA (11 de novembro de 2020)

  • 2 milhões de doses para o 1º trimestre de 2021
  • 6,5 milhões de doses para o 2º trimestre de 2021
  • 32 milhões de doses para o 3º trimestre de 2021
  • 29,5 milhões de doses para o 4º trimestre de 2021

5ª PROPOSTA (24 de novembro de 2020)

  • Mesma previsão de doses da proposta de 11 de novembro

Em fevereiro de 2021, houve nova proposta, desta vez de 100 milhões de doses. Também não foi aceita.

6ª PROPOSTA (15 de fevereiro de 2021)
  • 8,7 milhões de doses para o 2º trimestre;
  • 32 milhões de doses para o 3º trimestre;
  • 59 milhões de doses no 4º trimestre.

Carta para Bolsonaro

A Pfizer, ao lado da BioNTech, foi uma das primeiras empresas a apresentar vacinas contra o novo coronavírus ao mundo. A vacina do laboratório tem registro definitivo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Para parte dos integrantes da CPI, o governo Jair Bolsonaro foi “incompetente” e “pouco se empenhou” para comprar doses do imunizante desenvolvido pelo laboratório.

Murillo confirmou que a Pfizer enviou, em 12 de setembro, uma carta ao presidente Jair Bolsonaro, com cópia para integrantes da cúpula do governo, reforçando o interesse da empresa em fazer negócio com o Brasil.

Na quarta-feira (12), em depoimento à CPI, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten afirmou que a carta ficou dois meses sem resposta. Wajngarten disse que ficou sabendo do documento em 9 de novembro, quando ele próprio decidiu entrar em contato com a Pfizer.

“A carta foi enviada em 12 de setembro, assinado apelo nosso CEO global, e era dirigida ao presidente Jair Bolsonaro mais outra autoridades do governo”, afirmou Murillo. “Com cópia para Hamilton Mourão, vice-presidente; para o [então] ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto; para o [então] ministro da Saúde Eduardo Pazuello; para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nelsos Foster”, completou.

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