Beto Richa fala sobre projeções futuras e desafios políticos

Da Redação

Cumprindo sua agenda de visitas aos municípios, o ex-governador do Paraná e presidente estadual do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Beto Richa, esteve na sede do jornal Tribuna de Cianorte na manhã de sexta-feira, 06. Recepcionado pelo diretor da Tribuna, Jedaias Belga, Richa falou sobre suas projeções futuras, o atual cenário político no Paraná e no Brasil, além das questões jurídicas que enfrentou nos últimos anos.

Após quase quatro anos afastado da vida pública por conta de graves acusações, nas quais não foi condenado, o ex-governador está voltando às atividades. Percorrendo o estado há cerca de 10 meses, o politico tem feito visitas com o objetivo de ‘medir a temperatura’ da população e das lideranças municipais.

Em conversa, Richa relembrou os momentos e seu desempenho como governador, e revelou que, apesar de receber “pressões” de lideranças para voltar a ser candidato ao governo, é pré-candidato a deputado federal nas eleições de 2022.

“Sabe que tenho recebido algumas pressões por onde passo no estado. A palavra que eu mais escuto das lideranças é ‘saudades’. Saudades do seu governo, da sua presença, do grande volume de obras em todos os municípios. Prefeitos me dizem que nunca viram tantas obras como aconteceram em suas cidades. Muitos prefeitos questionam se eu não penso em voltar ao governo. Mas, acho que não é o momento. Na vida, temos que saber a hora de dar um passo atrás. É o que estou pensando. Em princípio, penso sim em apresentar meu nome como pré-candidato a depurado federal. Acho que posso ajudar muito o Paraná em Brasília”, revelou Richa.

GESTÃO NO GOVERDO DO ESTADO

Governador do Paraná de janeiro de 2011 a abril de 2018, Richa se orgulha dos frutos de sua gestão. Quando assumiu o cargo, teve que administrar muitas dívidas deixadas pela gestão anterior. A missão não foi fácil, já que o país enfrentava, naquele momento, uma das maiores crises financeiras de sua história.

“Foi um enorme desafio. Peguei o estado com uma situação financeira terrível, não tinha capacidade de pagamento, capacidade de endividamento, não podia contrair empréstimos. Foi R$ 1 bilhão de PASEP que não foram recolhidos e tive que pagar. São R$ 100 milhões de progressão e promoção de professores, R$ 70 milhões da Advocacia Dativa com a OAB de governos anteriores que quitamos também. Além de contas de água, luz e telefone atrasadas. Não me deixaram uma obra para inaugurar. Isso me obrigou de forma responsável a botar a casa em ordem e equilibrar as contas públicas”, relembrou.

“Transformamos o Paraná em um grande canteiro de obras. Fui o primeiro governador da história a estar presente nos 399 municípios. Não fui passear, fui conhecer a realidade, conversar com as pessoas sobre suas expectativas e esperanças em relação às ações do seu governador. Por isso que as ações foram acertadas. Foi um governo democrático, participativo e próximo da realidade de cada canto do Paraná”, ressaltou Richa.

Beto Richa foi recepcionado pelo diretor da Tribuna, Jedaias Belga (à esq.). Foto: Rogério Machado/Assessoria

ACUSAÇÕES

Das graves acusações que o levaram a prisão em 2018, até o momento, Richa não sofreu condenações. Sobre o episódio, que também envolveu sua esposa, Fernanda Richa, o ex-governador afirma que não tem sentimento de raiva, mas sim de tristeza por ter sua reputação arranhada. Ao lado da esposa, ele foi preso faltando 20 dias para as eleições, em que liderava as pesquisas para o senado.

“Existe muita tristeza. Foi um ato arbitrário, uma violência. Vou além, uma perseguição. Não há qualquer justificativa para o ato violento que praticaram contra mim e a minha família. Foi ao arrepio da lei. Não existe meia prova contra mim das acusações falsas e levianas. Mais do que isso, eles revelaram um grande desprezo à democracia, na medida em que fraldaram a vontade dos eleitores, os induzindo ao erro. Há 20 dias da eleição, ter minha casa invadida e ser sequestrado com a minha mulher? Tem três anos e meio deste episódio e a minha mulher não tem denúncia ou processo até hoje. Como submetem uma pessoa a um trauma, como submeteram minha mulher, Fernanda? Quem vai pedir desculpas a ela? Todos temos honra, imagem e moral a ser zelada. Muitas vezes se demora uma vida para construir uma reputação e, da noite para o dia, você é esfaqueado pelas costas na tentativa covarde  de assassinar sua reputação. Eu não tenho raiva, mas a vida cuida de quem faz o mal”, disse.

Absolvido de diversas acusações, Richa confessou que sentiu receio ao retornar a rotina de pessoa pública, mas a recepção tem sido boa no dia a dia.

“Estou sendo absolvido de tudo, processos sendo arquivados, denúncias sendo trancadas por falta de provas. Então estou muito animado, pois resolvi percorrer o Paraná, ainda temeroso nas primeiras visitas, mas a cada dia tenho sido muito bem recebido e de braços abertos por cada cidade onde eu passo”, completou.

ELEIÇÕES NO PARANÁ

Como presidente do PSDB no estado, Richa também falou sobre a candidatura própria do partido para concorrer ao Governo do Estado. O PSDB defende a candidatura do ex-prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, que se filiou ao partido em janeiro após deixar o Podemos.

“Todo partido deseja ter uma candidatura própria, que é o crescimento do partido desde que exista viabilidade. Muitas vezes você não consegue e acaba coligando com outros partidos. Mas, no caso, nós identificamos uma candidatura com potencial muito forte de crescimento. Cesar Silvestri é um jovem político, mas alia com isso a experiência de quem foi prefeito de dois mandatos de uma importante cidade paranaense. Foi um prefeito muito competente, tanto é que saiu com uma grande aprovação. Ele tem demonstrado um profundo conhecimento da realidade do Paraná e, fora isso, tem apresentado boas propostas para o desenvolvimento e a geração de empregos no estado. Estamos animados. A campanha nem começou ainda e ele vem crescendo sistematicamente em pesquisas de opinião pública. Acho que pode chegar com uma boa possibilidade de eleição”, afirmou.

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Sobre as eleições presidenciais, Richa deu sua opinião sobre o atual cenário, que aponta uma polarização entre Lula e Bolsonaro na disputa pelo Planalto.

“Furar essa polarização, sendo muito sincero, não é um papel fácil. Nós temos visto a consolidação desta polarização entre dois extremos. A esquerda representada pelo Lula, o PT, e a direita com o Bolsonaro e o PL. Mas, passa a ter uma chance desde que os partidos se unam para tentar fortalecer uma terceira via para apresentar aos eleitores brasileiros”, finalizou Richa.