Comércio tem queda nas vendas de até 40% nos últimos meses

Devido à pandemia do coronavírus o comércio da cidade apresentou uma queda expressiva nas vendas. Durante o mês de março, quando ocorreu o fechamento do varejo, as vendas chegaram a reduzir cerca de 70%. Já nos últimos meses abril e maio, o setor apresentou ligeiro aumento nos negócios se comparado com o mês anterior, mas ainda muito menor do que o ano anterior. As vendas ficaram entre 30 e 40% menores com relação aos mesmos meses de 2019.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Cianorte (Sincovarte) e proprietário da Livraria e Papelaria Kometa, Sergio Antônio Urbano, a queda nas vendas varia de segmento para segmento, mas a receita caiu entre 30 a 40% nos últimos dois meses, chegando a 70% no mês de março.

“Se formos analisar a minha loja, as vendas caíram entre 20 a 30%. Recuperamos um pouco, mas ainda é difícil”, afirmou o presidente do sindicato.

Conforme Urbano, uma das dificuldades enfrentadas pelos comerciantes é com relação aos alugueis. “A maioria dos donos dos imóveis não quer perder um pagamento. Mas é preciso entrar em uma parceria, pois o custo do ponto permanece”, afirmou. Ele ainda afirmou que acredita que muitos pontos de venda irão fechar nesse período. “Ou irão fechar ou procurar pontos mais baratos, ir para as residências”, esclareceu.

Para o secretário da Sincovarte, João Alves, o aluguel é um dos maiores custos da loja. “Os donos reduziram o preço do aluguel em março e abril, e agora já querem receber o valor normal, mas nós ainda estamos com o nossos custos e receitas do começo da pandemia. Isso está dificultando bastante para que possamos manter as contas em dia”, esclareceu.

Segundo o secretário, a situação só irá melhorar a partir do momento em que houver uma vacina disponível. “Acho que falar em qualquer data comemorativa, Dia dos Pais ou das Crianças, só se a pessoa for muito inocente, porque a situação só vai melhorar quando a gente tirar a máscara do rosto, quando vacina e 70% da população estiver vacinada. Ou seja, o Brasil com a desorganização que é politicamente,  acho que vamos tirar a máscara no final de 2021, começo de 2022, ou, pensando mais positivamente, em torno da metade do ano que vem”, esclareceu.

Alves ainda ressalta que a falta de financiamento aos pequenos e médios negócios por parte do Governo Federal também colaborou para que os comerciantes ficassem em uma situação complicada. 

“Eu converso com alguns comerciantes e eles tentam ser otimistas, mas a realidade é que demorar a passar”, disse o secretário.

Otimismo

Segundo o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Cianorte (Acic), Hércio Correia, mesmo com as dificuldades e a queda expressiva das vendas nos meses anteriores os comerciantes estão otimistas.

“De modo geral as vendas caíram muito. Abril, maio e junho já estão evoluindo, melhor do que no mês de março, primeiros dias de paralisação. Mas a retomada está sendo gradativa. Não tão expressiva quanto no ano passado, mas está em recuperação. O pessoal está otimista”, afirmou o presidente. Correia ainda acrescentou que depende de cada atividade. “Setor dos calçados que tem dificuldade maior de recuperar, o vestuário que sofre mais, mas são setores que estão indo bem. Apresentam uma reocupação mais lenta, mas estão se recuperando”.

Assim como o secretário da Sincovarte, o presidente da Acic também acredita que a situação só irá melhorar completamente quando o vírus por exterminado. “Quando tivermos vacina, quando for seguro o reinício de uma atividade normal podemos acreditar na melhora. Mas é uma coisa é difícil de se prever”, afirmou.

De acordo com Correia, o que as pessoas podem fazer durante este momento é permanecer em casa e colaborar com as medidas de segurança. “Usando máscara, álcool em gel, dessa forma todos já estarão colaborando. Dependemos mais da consciência de cada um pra levar a sério”, disse.

Conforme o presidente da Acic, não há motivos para a preocupação do fechamento do comércio, a menos que haja uma elevação excessiva no número de casos e que coloque em risco o atendimento médico. “O fechamento do comércio não passa pela cabeça dele (do prefeito Claudemir Bongiorno), apenas se não tiver o que fazer e se os hospitais estiveram lotados”, afirmou.

“Se não precisa, não saia de casa, use máscara. Tudo isso é dito diariamente. Todos estão preocupados com quem não está levando o isolamento social a sério. É necessário que cada um colabore”, pediu o presidente.

Consumidor compra apenas o essencial

Com o isolamento social, a população deixou de ir às ruas e, consequentemente, não deixou suas economias no comércio. A empresária Claudia Bueno tinha costume de passear nas ruas e fazer compras, mas o hábito deixou de ser comum. “A gente saia para pra passear, ver gente, andar. Não tinha que usar a máscara, mas agora como tem que usar é até ruim pra sair de casa. Ainda aumentando os casos da Covid-19, dá mais medo ainda de sair”, afirmou.

Para Claudia o importante é comprar apenas o essencial. “Todos em casa estão estamos segurando as compras, apenas compramos o essencial. Então acabamos ficando em casa, automaticamente o consumo é menor, até de combustível, pois o carro fica na garagem”, explicou.

Segundo a empresária, é visível que a população apresenta receio de como e quando o cenário irá melhorar. “Dá para ver que todo mundo está com muito medo, esperando o que vai acontecer, se vai melhorar, quando vai melhorar. A expectativa é grande”, esclareceu.

Supermercados quase não foram afetados pela crise

De acordo com a subgerente do Supermercados Paraná, Roseli da Silva, o estabelecimento não registrou quedas nas vendas. “Não temos do que reclamar nesse período. Foi ótimo. Não perdemos vendas. Esse ano está ainda melhor. As vendas evoluíram”, afirmou.

Um dos motivos que o mercado conseguiu manter suas vendas está relacionado aos cuidados e atenção com funcionários e clientes. “Temos um local amplo, somos rigorosos com a higienização, damos treinamentos aos funcionários”, acrescentou.

Para psicóloga da rede Dayara da Silva, o movimento aumentou pelo processo de limpeza e higienização da loja. “A gente mostra para cliente o que temos feito. Após o fechamento higienizamos a loja inteira, então da credibilidade. Queremos que os clientes se sintam mais seguros”, explicou.

Além disso, Dayara reforça que o trabalho psicológico com a equipe também é essencial nesse momento. “Querendo ou não é complicado. E eles estão na linha de frente. Então os funcionários não pararam, mas sempre os acompanhamos e fazemos um trabalho psicólogo, sem deixar eles na mão”, acrescentou.

Mercado Paraná dá treinamentos semanais com relação às orientações da saúde aos funcionários. Foto: Renata Martins

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