Um bom aluno que virou doutor
Era uma vez uma professorinha que mal tinha completado 18 anos, mas já tinha alguma experiência de magistério; era estudante do Curso de Geografia, na faculdade mais próxima de Cianorte, em Paranavaí, na FAFIPA.
Lá pelos anos de 1968, foi criado o Curso Científico em Cianorte. Esta professora de Geografia e Geologia foi muito feliz, quando foi designada professora de Geologia da primeira turma do Curso Científico, implantado em Cianorte, no velho prédio de madeira, na esquina da Rua Abolição com a Rua Piratininga e que hoje não mais existe, e deu lugar para o progresso. Um prédio foi erguido naquela esquina.
Passados mais de 50 anos, eis que a professora, já somados muitos anos de vida, percebe que seus olhos cansados pelo tempo precisam de alguém que conheça, profundamente, tudo sobre os olhos — não só os olhos do corpo, mas os olhos da alma também.
Marcaram a consulta para um dia muito frio, às 9 horas. E o médico veio recebê-la onde estava sentada na sala de espera. O frio transformou-se em calor quando abraçou aquele menino de cabelos claros que sentava nas primeiras carteiras de sua sala de aula.
Hoje, Dr. Manuel Duque Bárbara, oftalmologista tradicional da cidade; a professora se espantou quando viu o pequeno menino inteligente e comportado com os cabelos brancos e calvos. O que o tempo fez com os dois?
A professora idosa de olhos cansados queria chorar, mas disfarçou suas lágrimas que vieram aos olhos, num sorriso emocionado. Foi um abraço de saudade, um abraço carinhoso, sabe aquele abraço que você dá no filho que não vê há muito tempo? Igual!
Dr. Manuel Duque Bárbara é filho de uma tradicional família portuguesa que aqui chegou nos primeiros tempos em nossa cidade; era o momento de serrarias, eis que as perobas tombavam em abundância pelas ruas mal traçadas e abertas da cidade.
Sr. Manuel de Souza Bárbara, o português da serraria que ficava na saída da cidade para Umuarama, juntamente com aquela senhorinha portuguesa, pequena e de olhar agudo, Dona Ermelinda Tomé Bárbara, são os pais do médico.
E como me lembro daquela portuguesinha, que ia para a igreja assistir às missas carregando o guarda-chuva, pois poderia chover a qualquer hora. E andava poucas quadras para chegar até a igrejinha de madeira!
E o aluninho Manuel Duque Bárbara fazia parte desta família com outros irmãos como Maria Bárbara Gaspar, Júlia Bárbara Ferrari, José Duque Bárbara — família distinta e honrada!
Não, não foi a velha professora que inspirou o Dr. Manuel a ser médico não, e a buscar esta carreira tão nobre para sua vida. Não… Foi o seu próprio talento que foi à procura de algo que, pela medicina, pudesse amainar o coração do outro.
E ele foi além… Uniu os conceitos médicos à prática e ao exercício da medicina natural para se ter uma vida mais plena e com sensíveis resultados de melhora da condição humana.
Sabe, Manuel, você honrou e enalteceu a profissão daquela jovenzinha que acreditava que o fruto de seu trabalho poderia influenciar as pessoas a serem o que quisessem ser, mas, com Deus ao seu lado, tudo seria bem melhor!
Seja feliz, aluninho do coração!
Izaura Aparecida Tomaroli Varella
Professorinha de 1968