Greve dos Correios tem adesão de 80% dos trabalhadores e não tem previsão de término
Há quatro dias os trabalhadores dos Correios no Paraná estão em greve e já possuem a adesão de 80% do efetivo. A paralisação se deve à busca dos direitos da categoria: ao acordo coletivo (firmado para ter vigência até 2021), à saúde no período de pandemia e à privatização. Não há previsão para que a greve termine, mas a categoria aguarda a votação no Supremo Tribunal Federal (STF) e em seguida fará uma avaliação em Assembleia virtual.
De acordo com a diretora executiva do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Maria Izabel Peliçom, O maior motivo da greve é a indignação da categoria com relação à privatização. “Estamos assistindo de perto ao desmonte da empresa Correios pública, para que os políticos a entreguem à iniciativa privada”, afirmou.
“Há uns sete anos, em média, nós, trabalhadores dos correios, assistimos ao loteamento dessa empresa pelos políticos corruptos que ocupam o governo. Correios é uma empresa estratégica para o país. É um serviço essencial altamente lucrativo com várias frentes de negócios a ser explorada. Isso engorda os olhos da classe política”, explicou Maria Izabel.
Segundo Maria Izabel, a greve dos trabalhadores acontece todos os anos. “Por que tem greve todos os anos? Porque estamos sendo convidados a nos retirar dos nossos empregos que temos graças ao concurso público”, lamentou. “Todos os anos somos obrigados a fazer greve para não perder o que já é nosso desde que entramos por concurso público”, acrescentou.
Conforme a diretora executiva, no ano passado a greve foi decidida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) que determinou manter os salários, mas cortou o plano de saúde. “Além disso, determinou também que aquela decisão fosse bianual. Sem reajustes, nem o da inflação” disse. De acordo com Maria Izabel, a empresa não negociou nem no ano passado e nem este ano.
Porém, segundo a diretora executiva, “o governo incentivou o Supremo a caçar essa decisão por meio de uma liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli”. Maria Izabel disse ainda que os trabalhadores recorreram, mas que Toffoli manteve a liminar. “Isso então foi para julgamento do STF que dará sua resposta final na data de hoje (sexta-feira). O Julgamento começou no dia 14”, esclareceu.
Conforme foi esclarecido pela Sitcom, o julgamento no STF decidirá se o Acordo Coletivo valerá até 2021 ou se o Acordo já perdeu a validade no dia 31 de julho. “Dos 11 ministros o único parecer é o do relator, Dias Toffoli, o mesmo que concedeu a liminar suspendendo o Acordo e obviamente seu voto é pela perda de direitos e que o TST julgue tudo de novo. Os outros 10 ministros ainda não julgaram nada sobre o nosso caso, até agora”, de acordo com informações do sindicato.
A greve deve continuar até que a empresa resolva negociar e recuar da extinção dos nossos direitos dos trabalhadores, afirma a diretora.
Para Maria Izabel, um dos grandes problemas é que parte da mídia fala que com a paralisação os trabalhadores estão prejudicando a população com a greve. “A verdade é que nós estamos perdendo nossos empregos, estamos tendo nossos salários reduzidos. E não há outra coisa a fazermos a não ser enfrentar tudo isso com o último recurso que é a greve, não gostamos de fazer isso todos os anos”, esclareceu.
Conforme a diretora executiva, em Cianorte todos os carteiros pararam.
Correios
Em nota, os Correios afirmaram que a empresa continua operando em todo o país. A rede de atendimento está aberta ao público, com a oferta dos serviços e produtos da empresa. A paralisação parcial dos empregados não afetou os serviços de atendimento.
Os Correios ainda reafirmaram que nenhum direito foi retirado. Apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, para alinhar a estatal ao que é praticado no mercado. A diminuição de despesas prevista com as medidas é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações dos sindicatos, por sua vez, custariam aos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período. Ou seja, dez vezes o lucro obtido em 2019. A proposta dos sindicatos é impossível de ser atendida.
“Vale ressaltar que os trabalhadores continuam tendo acesso ao auxílio-creche. Os tíquetes refeição e alimentação também permanecem sendo pagos, de acordo com a jornada de cada empregado. Estão mantidos também, a carteiros e atendentes, os respectivos adicionais de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento”, reforçou a empresa.
Procon
De acordo com a atendente do Procon, Tatiane Cazon, não houve reclamações com relação a greve dos trabalhadores dos Correios em Cianorte, mas caso a paralisação dure até o início do mês que vem, as reclamações podem começar. “O problema maior seria no começo do mês, devido aos boletos, pois as pessoas não os receberiam e deixariam de pagar”, afirmou.
Segundo Tatiane, é importante ressaltar o pagamento dos boletos, mesmo que não sejam recebidos. “Caso os consumidores não recebam os boletos por conta da greve é preciso que eles entrem em contato com a empresa credora antes da data do vencimento e solicitem uma outra opção para o pagamento”, explicou.
“Dessa forma, a pessoa evita cobranças de juros, encargos, negativação do nome e outros tipos de problemas. Até mesmo o cancelamento de algum serviço. Portanto, entrar em contato, anotar o protocolo é muito importante”, reforço a atendente.
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