Produção industrial do Paraná cai em janeiro, mas em 12 meses resultado é positivo

Agência Fiep

A produção industrial do Paraná encolheu 3,7% no primeiro mês deste ano na comparação com janeiro de 2021. O resultado segue a tendência nacional, porém em menor escala, já que o país contabilizou 7,2% de retração no mês. Das 15 regiões analisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas quatro cresceram: Mato Grosso (43%), Espírito Santo (5,4%), Rio de Janeiro (2,8%) e Goiás (2,1%).

No Sul, Santa Catarina (-9,7%) e Rio Grande do Sul (-6,3%) registraram queda ainda maior do que o Paraná. Apesar do indicador negativo, nos últimos 12 meses a indústria paranaense acumula 7,8% de crescimento, terceiro melhor resultado no ranking nacional, superado por Santa Catarina (8,5%) e Minas Gerais (8,3%). O país teve alta de 3,1% no mesmo período.

“A atividade industrial vem registrando diminuição no ritmo de produção desde o quarto trimestre do ano passado”, justifica o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe. Segundo ele, até agosto de 2021 o setor vinha numa retomada forte, mas perdeu fôlego e desde então inverteu a curva numa tendência de queda. “Isso se deve em parte à escassez e alta considerável nos insumos e matérias-primas para produção, que têm pressionado os custos das empresas e, consequentemente, desacelerado o ritmo de trabalho nas fábricas”, avalia.

Das 13 atividades industriais avaliadas pelo IBGE, cinco cresceram em relação a janeiro do ano passado. Foi o caso de bebidas (+29,6%), máquinas e equipamentos (+24,5%), celulose e papel (+4,8%), produtos químicos (+ 1,7%) e madeira (+1,4%). As mais prejudicadas foram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (- 35%), móveis (-34,7%), automotivo (-25,6%), borracha e material plástico (-14,9%) e fabricação de produtos de metal (-8,6%). O setor de alimentos, o maior do estado, também recuou em 3% c.

“Os desempenhos dos setores alimentício, automotivo e metalmecânico tiveram um peso importante nessa queda da produção industrial em janeiro”, explica Felippe. Ele acrescenta que a expectativa para o ano era de uma melhora de cenário por conta do controle maior da pandemia e da retomada de segmentos de comércio e serviços, que demandam mais produção na indústria. Mas o conflito no leste europeu, que ainda não foi captado nessa pesquisa do IBGE, deve mudar essa previsão.

“A atividade industrial vai sofrer o impacto da alta no preço dos insumos no mercado internacional e vai ter que se adequar tanto em relação à escassez e problemas logísticos quanto a custos mais elevados para compra desses produtos. Isso pode comprometer não só o ritmo de produção quanto a geração de empregos e os investimentos previstos no planejamento das empresas para este ano. O impacto deve ser sentido em outros segmentos da cadeia industrial”, analisa o economista.

SALDO POSITIVO

Geralmente o aumento na produção tende influenciar nas vagas no mercado de trabalho. Quando a indústria aumenta o ritmo de trabalho nas fábricas, a tendência é de contratar mais para dar conta da demanda. Isso vale para o contrário, quando a produção cai, aumenta a ociosidade nas linhas de produção e ocorrem as dispensas. Em janeiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o saldo de empregos da indústria do Paraná ficou positivo com a abertura de 5.928 novas vagas. Mesmo assim, comparado ao mesmo mês de 2021, quando foram abertos 8.987 postos de trabalho, o resultado é de queda de 34%. Nos últimos 12 meses, o saldo também aumentou, é de 41.280 empregos no setor.

O Sul lidera o ranking nacional de empregos na indústria em janeiro. Das 51.419 novas vagas abertas no país, a região foi responsável por 26.254 delas. Embora os dados sejam positivos no Paraná, quarto colocado no ranking nacional do setor, o estado ficou atrás de Santa Catarina (12.842) e Rio Grande do Sul (7.484). São Paulo lidera com 20.385 postos criados em janeiro. O Sudeste contabiliza 25.875 contratações de saldo na indústria no mês.

Dos 24 segmentos avaliados pelo Novo Caged, somente dois mais demitiram do que contrataram. Foi o caso de móveis (-156 vagas) e petróleo (-27). Os que mais abriram oportunidades na indústria foram alimentos (904), vestuário (836), reparação de máquinas e instalação de equipamentos (741), automotivo (561) e fabricação de máquinas e equipamentos (524). “O mercado de trabalho demora mais para responder a uma piora no ritmo de produção na indústria. Isso deve se refletir nos próximos meses apenas”, sugere Thiago Quadros, também economista da Fiep.

“Da mesma forma que ocorre em relação à produção, o cenário econômico para 2022 era de uma melhora no controle de inflação, queda de juros e condições mais favoráveis à criação de empregos, mas essa previsão já mudou”, explica Quadros. A estimativa de inflação já passou para 6,45%, segundo o último boletim Focus do Banco Central, divulgado na semana passada. Está acima do teto da meta que é de 5%.  “Com o conflito entre Rússia e Ucrânia essa configuração deve mudar porque terá influência na decisão dos empresários, que seguram seus investimentos e tendem a não aumentar as contratações até que a situação melhore”, reforça.