No Paraná, estelionato vira o crime virtual mais comum

Por Bem Paraná

O estelionato é o crime mais cometido por meio da internet no Paraná. Segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), de janeiro a agosto deste ano foram registradas 4.184 ocorrências deste tipo de crime, o que representa uma média de 17 por dia em todo o estado.

Outros crimes comuns pela internet no Paraná, de acordo com o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), da Polícia Civil, são invasão de dispositivo informático, falsa identidade, furto qualificado, extorsão, ameaça, pornografia infantojuvenil, divulgação de foto de nudez de pessoas adultas e racismo. Injúria, difamação e calúnia fecham a lista dos crimes com mais registros.

Advogado em São Paulo e dono de um escritório que atende vítimas de golpes pela internet em todo o Brasil, Jonatas Lucena diz que o estelionato também é o crime mais comum no ambiente virtual do país. “O que mais aparece é fraude bancária. Geralmente quem comete esse tipo de crime não deixa rastros e há pouco o que fazer. Quando encontramos alguém, geralmente é laranja”, afirma.

Golpistas estão sempre se inovando e criando novas táticas de abordagem

Os golpistas que agem no ambiente virtual costumam adotar novas táticas quando o golpe é descoberto. Em novembro, o Procon-PR alertou para o golpe do presente: a vítima recebe um presente inesperado em casa e o entregador pede seus dados pessoais. Em seguida, pede para tirar uma foto com a vítima, para supostamente “comprovar que a encomenda foi entregue”. De posse dos dados e da foto da pessoa, os golpistas passam a fazer compras pela internet.

Outra prática criminosa comum no país é o “golpe do Don Juan”, como define o advogado Jonatas Lucena. Criminosos de fora do país procuram mulheres sozinhas, com quem passam a se relacionar pela internet. A certa altura, o criminoso passa a pedir quantias em dinheiro ou propriedades.

“É mais comum do que se imagina. Já tive uma cliente que perdeu R$ 300 mil”, conta Lucena. “A maioria desses criminosos é de países africanos de língua portuguesa. Eles escolhem as vítimas, geralmente mulheres de meia idade, divorciadas ou viúvas, e se passam por militares, médicos ou empresários. Em regra, escondem o IP da conexão e apagam os rastros”.

O pix, que tornou mais simples as transferências de dinheiro no país, também entrou na mira dos estelionatários. Tanto que o Banco Central fez mudanças neste mês, um ano depois de o serviço entrar em operação. Entre as alterações estão o bloqueio preventivo de recursos e devolução de valores em casos de suspeita fundada de fraude.

“O golpe pode ser simples. Temos casos de pessoas que receberam uma mensagem dizendo para pagar a fatura naquele dia, com 20% de desconto, pelo pix. E a pessoa transfere o valor”, conta Lucena. “Os criminosos estão sempre inovando, de acordo com as mudanças. Tem muita extorsão também”.

Depois das fraudes, o que Lucena mais atende são casos de brigas e ofensas. “Normalmente o ofensor é uma pessoa conhecida. Pouquíssimos casos vão pra frente, porque quando descobrimos o autor geralmente é um parente”.

Criar perfis falsos na internet também é crime, alerta o advogado. “Quem cria um perfil falso pode ser enquadrado por falsa identidade, existe um tipo penal. Geralmente a pessoa cria um perfil falso para atacar a imagem de alguém, ameaçar ou praticar extorsão. Conseguimos quebrar o sigilo e entregamos a verdadeira identidade para a vítima com apenas duas ações judiciais.