Escolas se organizam para ano letivo

Da Redação

O retorno das aulas presenciais na rede estadual está previsto para o dia 18 de fevereiro, e diretores, professores e funcionários têm se dedicado à organização das escolas. Com pouco menos de duas semanas para o retorno, ainda há muito o que ser feito e muitas informações que ainda são uma incógnita para os estabelecimentos de ensino.

Uma diretora de um dos colégios estaduais em Cianorte, que não quis se identificar, e ouvida pela reportagem da TRIBUNA DE CIANORTE disse que o seu estabelecimento está organizando as salas de aula com o devido distanciamento e começou a instalar os dispensers com álcool em gel em salas de aula, banheiros e bebedouros. Além de já ter iniciado outras reformas, principalmente ligadas à internet.

Como reforçou a diretora, “não tem como garantir 100%” a segurança dos alunos, pois eles podem se contaminar em qualquer lugar, mas o colégio tomará todas as medidas necessárias para reforçar a prevenção.

“Primeiramente, vamos dividir em duas entradas, para que os alunos de cada um dos dois pavilhões entre em uma entrada diferente. Estamos pensando também em abrir o portão mais cedo, para os alunos que chegam antes pra ir direto para as salas”, explicou.

Segundo a diretora, logo na entrada o aluno já terá sua temperatura medida e com o álcool em gel sempre disponível. Além disso, os aparelhos de ar-condicionado disponíveis em algumas salas de aula foram higienizados para uso, desde que haja circulação de ar nas salas.

Com um número reduzido de alunos, por conta das aulas híbridas, os intervalos serão divididos o que garantirá maior controle durante uma aula e outra, além do uso nos banheiros.

Para colaborar com os cuidados, a diretora contou que foram compradas lixeiras com pedal, além de dispensers em todas as salas de aula. Os funcionários ainda terão macacão e máscaras face shield para o momento da limpeza. “E esses equipamentos foram dados pelo Estado, boa parte do álcool em gel, dispensers, fazem parte de uma compra centralizada no estado. E nós também compramos com fundo rotativo, mais máscaras descartáveis e outras coisas mais simples, como sacos de lixo”, contou a diretora.

Apesar de todos os detalhes estarem em processo de organização, a resposta final se o aluno vai participar das aulas presencialmente ou continuar estudando de casa é dos pais. “É uma decisão da família, por isso, eles assinam um termo se querem ou não mandar os filhos”, explicou.

A diretora disse que os colégios tiveram uma reunião na última semana de janeiro com a equipe da Secretaria de Estado da Educação (Seed). “Nessa formação a Seed procurou dar uma noção geral do que eles estão pensando, falaram sobre a legislação que ampara algumas medidas e fez algumas orientações”, disse. Segundo a diretora, a secretaria ainda disse para que as escolas começassem a se organizar para a possibilidade do recebimento dos alunos.

Aula presencial e hibrida

Conforme explicou a diretora, o colégio terá alunos fixos, volantes e os que ficaram apenas em aulas remotas. O grupo de alunos fixos será formado pelos que não têm acesso a internet e possuem alguma dificuldade. “Terão prioridade os alunos que não têm acesso à internet de forma alguma, ou que fazem atividade impressa, os que têm dificuldades de aprendizagem e de acesso a equipamentos e a ferramentas tecnológicas”, explicou.

Os demais são os chamados de “alunos volantes”. Eles serão divididos em pequenos grupos que virão que cada um em uma semana. Além disso, ainda há os que acompanharão as aulas de forma remota, conforme decisão dos pais.

“Todos os alunos estão submetidos a uma consulta familiar. Nós vamos perguntar primeiro para os pais se eles querem mandar os filhos. Se aceitarem, a partir da análise, vamos definir se serão fixos ou volantes”, explicou a diretora.

As salas de aula, pelo tamanho e número de alunos, contarão com 12 a 15 alunos cada uma. Elas serão divididas em cinco fileiras e com carteiras entre as mesas dos alunos, o que da um distanciamento de, aproximadamente, 1,60 metro.

Conforme esclareceu a diretora, caso tudo ocorra como o planejado, as aulas serão filmadas e transmitidas online. “O professor vem para a escola, vai para a sala dele e vai ter um netbook conectado na internet. Então ele vai gerar um link no meet (ferramenta de reuniões em grupo) em tempo real e vai disparar para os alunos que estão em casa. Na sala ele vai ter 12 alunos e mais 23 em casa, por exemplo”, explicou.

Caso essa organização não funcione como o esperado, os alunos que estão acompanhando remotamente terão o Classroom, sistema usado no ano passado, onde ele poderá assistir às aulas veiculadas pelo Governo. “O plano da Seed é que o professor tome a liderança da aula, e que o Classroom seja um apoio nas atividades remotas”, disse a diretora.

Para colaborar com a transmissão das aulas, a escola fez uma obra licitada de cerca de R$ 15 mil para criar pontos de internet  nas salas. “Licitamos uma empresa, eles já executaram e o ponto está pronto em cada sala. Agora aguardamos o Estado enviar o equipamento físico, roteadores e suítes, pra fazer essa ligação. Em seguida, há uma promessa que o Estado está licitando uma televisão grande com câmera e um notebook. Enquanto isso não acontece, nós usaremos os nossos netboook, que são uns pequenos que temos nas salas”, esclareceu.

  Orientação aos pais

De acordo com a diretora, o colégio vai fazer uma live na próxima semana para passar algumas orientações aos pais. “Vamos usar alguma ferramenta para atingir o maior número de pessoas possíveis, e eu vou passar as informações de como será a dinâmica e ainda falar sobre o protocolo de segurança interno, pois estamos fazendo um com base em uma resolução da Sesa que trata de medidas complementares de controle sanitário”, esclareceu.

As medidas citadas estão relacionadas aos cuidados dos alunos, uso dos bebedouros, fiscalização dos funcionários, entre outros detalhes.

“Acho que não estão preparados para o retorno”, diz professora

A professora de geografia de uma das escolas estaduais de Cianorte e mãe de dois alunos do ensino fundamental, N. V, não é a favor do retorno das aulas presenciais sem a vacinação. Para ela, o retorno coloca em risco a saúde dos envolvidos. “Na minha opinião, deve continuar o ensino remoto até que haja segurança para os profissionais, alunos e famílias”, disse.

A professora disse que as escolas não estão preparadas para o retorno das aulas. “Eu acho que não estão preparados para o retorno, pois as condições de infraestrutura, quantidade de profissionais e de alunos na rede pública de ensino não corresponde ao que temos visto nas propagandas de retorno que o Estado tem apresentado”, afirmou.

Segundo ela, diversas informações ainda não foram repassadas aos profissionais, como por exemplo com relação aos equipamentos de proteção, adequação de materiais e dos equipamentos tecnológicos que serão usados para a transmissão das aulas. “Sobre os equipamentos tecnológicos necessários para que ocorram as aulas híbridas, como internet e computadores ainda não fomos informados, nem recebemos qualquer treinamento”, esclareceu a professora.

As aulas serão hibridas, com parte dos alunos em sala de aula e parte em casa. Porém, segundo a professora, ainda não há equipamentos necessários. “Segundo o que a Seed tem divulgado, o retorno seria de num sistema de rodízio e os professores atenderiam no sistema híbrido, ou seja, aula presencial e simultaneamente os estudantes que estivessem em casa acompanhariam a aula pela TV ou internet, mas na escola não vimos nenhum equipamento novo instalado para que isso ocorra”, disse.

“Ainda não foram repassadas informações sobre cuidados ou medidas que serão adotadas. As férias terminaram 31 de Janeiro e ainda estamos em processo de distribuição de aulas, provavelmente teremos essas informações na semana que vem quando deve ocorrer a formação pedagógica”, contou a professora.

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