Comandante da 4º CIA da PRE é preso em operação do Gaeco

Da Redação

O comandante da 4º Companhia de Polícia Rodoviária Estadual, em Maringá, capitão Rodrigo dos Santos Pereira, foi preso durante a Operação Força e Honra, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, e a Polícia Militar, na manhã de hoje, 14. O posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) em Cianorte também foi um dos alvos da operação. Um policial de Cianorte e outro de Jussara, que atuam no posto da PRE em Cianorte também foram detidos. Os nomes dos dois policiais não foram revelados.

A investigação aponta que o capitão Rodrigo, que tomou posse no comando da CIA, em novembro de 2019, fazia parte de uma organização criminosa composta por policiais militares e empresários, ele é suspeito de receber propina para favorecer o esquema e de manter policiais que participam das ações criminosas, em pontos chaves de negociação.

Ao todo foram compridos 15 mandados de prisão preventiva, 54 mandados de busca e apreensão e 27 medidas cautelares de suspensão do exercício da função. Quinze policiais rodoviários estaduais e um vereador, que também não teve seu nome divulgado pelo MP, em Campo Mourão foram presos. Todos foram encaminhados para a 2ª Escola de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização de Praças (Esfaep), em Maringá.

A operação foi acompanhada de perto pelo comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira. Foram 36 residências de militares alvos de cumprimento de mandatos de busca e apreensão, além do posto rodoviário estadual de Cianorte, a Companhia em Maringá e os postos rodoviários de Iporã, e Cruzeiro do Oeste. Alguns policiais foram presos em flagrante. Um deles saindo do expediente com quase R$ 4 mil em cédulas. Em outro posto policial, as equipes encontraram máquinas de contar cédulas.

Em Cianorte, um estabelecimento também foi alvo de cumprimento de mandato, assim como em Maringá, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Goioerê, Campo Mourão, Paranavaí, Maria Helena, Doutor Camargo, Mandaguari, Tamboara, Nova Esperança, Uniflor, Jussara, Mandaguaçu, Marialva, Guaíra, Cianorte e Iporã.

Foram retirados de circulação, distintivos, armas, coletes balísticos, cédulas funcionais, documentos diversos, equipamentos eletrônicos, aparelhos celulares, valores em espécie e veículos. Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo da Vara da Auditoria da Justiça Militar e pelo Juízo da 2ª Vara Judicial de Cruzeiro do Oeste.

PROPINA PARA LIBERAR CONTRABANDO E DROGAS

Os detidos são suspeitos de participarem de um esquema em que policiais rodoviários recebem propina para permitir a passagem de veículos transportando mercadorias contrabandeadas, ilegais, ou até facilitar o tráfico de drogas nas rodovias da região. A investigação apura ainda situações em que policiais liberavam infratores que não aceitavam o pagamento de propina, depois de ficar com parte da mercadoria e negociar esses produtos com empresários do ramo. Outra linha de investigação é do possível favorecimento na indicação de policiais para trabalhar nos postos de fiscalização, em troca de repasse de propinas.

As investigações começaram em agosto de 2020, após uma denúncia ao Ministério Público. O trabalho foi feito pela Corregedoria da Polícia Militar em conjunto com o núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e o núcleo do Gaeco em Cascavel.

Os crimes investigados são de concussão, corrupção passiva, peculato, prevaricação, falsidade ideológica, lavagem de ativos, e eventual receptação, realizados por organização criminosa.

Segundo coronel Hudson Teixeira, a investigação está apenas em primeira fase, os aparelhos celulares e computadores serão periciados, e o patrimônio dos policiais detidos, averiguados, já que segundo um levantamento preliminar, a incompatibilidade dos rendimentos lícitos se aproxima de  R$ 6 milhões.