Casos de doenças respiratórias em crianças estão em alta

Por Bem Paraná

Na esteira da redução no número de novas infecções causadas pelo novo coronavírus, o Paraná tem experimentado nos últimos meses uma tendência de queda nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Dados do InfoGripe da FioCruz, por exemplo, mostram que na semana epidemiológica 24, encerrada em 19 de junho, o estado registrava uma incidência de SRAG superior a 20 casos por 100 mil habitantes. Já mais recentemente, na semana epidemiológica 41 (entre os dias 10 e 16 de outubro), já eram menos de 10 casos por 100 mil habitantes.

Há, no entanto, uma única e importante exceção: as crianças de 0 a 9 anos. Como comparação, até a semana 24 o Paraná registrava menos de 80 novos casos semanais de SRAG entre crianças e recém-nascidos. E recentemente, superou a marca de 100 novos diagnósticos por semana, numa situação que afeta não só o Paraná, mas a região Centro-Sul do país.

No estudo, além do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), outros como o Rinovírus humano (HRV), Vírus parainfluenza (PIV) e o Beta coronavírus OC43, todos ligados a doenças respiratórias, são os que mais aparecem, principalmente em pacientes internados.

“Entre a população adulta (20 anos ou mais), observa-se um predomínio praticamente absoluto de detecção de SARS-CoV-2 (COVID-19) entre os casos de SRAG com resultado laboratorial no país. Já entre crianças de 0-9 anos, faixa etária em que também há menor positividade geral, em 2021 houve um aumento significativo de casos de vírus sincicial respiratório (VSR), com registros semanais superiores aos observados para SARS-CoV-2”, alertou a equipe da Fiocruz no boletim mais recente do InfoGripe.

Isolamento durante a pandemia pode ser uma das causas

Segundo o bioquímico Marcos Kozlowski, especialista em bacteriologia do Laboratório de Análises Clínicas (Lanac), o isolamento social imposto pela Covid-19 fez com que as pessoas não criassem anticorpos para alguns vírus e bactérias.

“A constante higienização das mãos, casas e locais afastaram a população dos vírus, porém agora, com o afrouxamento dessas medidas, temos percebido o agravamento de algumas infecções por vírus que antes eram vistos, na maioria das vezes, de forma mais leve”, comenta.

“O baixo contato com vírus e bactérias, especialmente nos primeiros anos de vida, pode levar a menos proteção contra doenças infecciosas e alérgicas, mesmo na fase adulta”, completa. O estresse também é fator responsável pela baixa da imunidade, pois permite que o sistema imunológico fique mais propenso a contrair vírus e bactérias.