Anvisa vai autorizar nesta quinta vacina Pfizer contra Covid para crianças

Por Bem Paraná

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) irá anunciar nesta quinta-feira (16) o resultado da avaliação técnica da Agência sobre o pedido de indicação da vacina Pfizer contra covid-19 para crianças no Brasil. A agência, segundo fontes ouvidas pelo Bem Paraná, deverá liberar o uso do imunizante desenvolvido pela Pfizer/Wyeth para crianças da faixa etária de 05 a 11 anos.

O anúncio será feito em reunião virtual amanhã a partir de 10h30 e a finalização da análise ocorreu após o laboratório enviar dados complementares sobre o imunizante, mais de um mês após o pedido do laboratório. De acordo com a Anvisa, a avaliação contou com a participação de representantes de sociedades médicas brasileiras além das áreas técnicas da Agência. Como a dose para Pfizer para crianças é de 10 microgramas e não de 30 microgramas, quantidade administrada em maiores de 12 anos, o Brasil terá que esperar lotes específicos para vacinar as crianças, porque não fez o estoque.A Pfizer, no entanto, já teria garantido para o governo brasileiro que os primeiros lotes para crianças devem chegar no início de janeiro. Alguns governos, como o de Minas Gerais, já falam em estabelecer intervalo de 21 dias entre as duas doses da Pfizer para que as crianças possam retornar às aulas em 2022 já imunizadas.  O problema é que são 17 milhões de crianças e para alcançar esse número a vacinação pode demorar até cinco meses, segundo estimativas de especialistas.

Além da Pfizer, a Coronavac pediu autorização da Anvisa para vacinar crianças a partir de 3 anos, mas em agosto, a Diretoria Colegiada da Anvisa, por unanimidade, considerou que ainda não era seguro aprovar o uso da CoronaVac em crianças a partir de 3 anos até adolescentes com 17 anos.  O Instituto Butantan, que produz a CoronaVac no Brasil, afirmou  que enviará para a agência reguladora nova solicitação de uso da vacina em crianças ainda em dezembro. O governo de São Paulo, aliás, já reservou 12 milhões de doses de vacinas para serem aplicadas em crianças.

Covid matou mais crianças e adolescentes que todas as doenças cobertas pelo PNI

O pediatra Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Imunizações, ressalta que no último ano a covid-19 matou mais crianças e adolescentes do que todas as doenças cobertas pelas dezessete vacinas do Programa Nacional de Imunização (PNI), como gripe, pneumonia, sarampo, rubéola, meningite, diarreia, entre tanta outras. “Proporcionalmente, parece pouco, mas foram 2.400 mortes em números absolutos”, afirmou Kfouri. “Isso é mais do que a soma das mortes de todas as doenças do calendário vacinal.”

Além disso, explica, conforme a vacinação vai aumentando entre os mais velhos, o número de jovens infectados passa a ser proporcionalmente maior, uma vez que os não vacinados são mais vulneráveis ao vírus. Outra questão importante é que mesmo quando não desenvolvem formas graves da doença, os jovens podem ajudar involuntariamente na disseminação do vírus. “Quanto mais gente vacinada, melhor”, afirma.

Para o especialista, a cobertura já é significativa, uma vez que, em jovens, a proteção com apenas uma dose é muito mais eficaz do que entre os mais velhos. Ainda assim, diz, é crucial avançar ainda mais na segunda dose.

“Para o controle da transmissão e para evitar novas ondas, sobretudo num país em que um quarto da população tem menos de 20 anos, é fundamental a vacinação do maior número possível de pessoas de todas as faixas etárias”, disse ele.

Kfouri lembrou ainda que, em todo o mundo, aproximadamente 100 milhões de adolescentes já foram imunizados contra a covid-19, comprovando a segurança do imunizante.

Pelo menos 80% dos adolescentes brasileiros (12 aos 17 anos) estão vacinados com a primeira dose da vacina da covid-19 e 25% do total já estão com o regime completo, de acordo com números do Ministério da Saúde do último dia 8.