Preços de alimentos sobem mais de 200% em Cianorte

Da Redação

Com os preços dos alimentos cada vez mais altos, o cianortense está gastando mais no supermercado, em contrapartida, houve uma redução na quantidade de mercadorias compradas. O consumidor que pagava R$ 89,55 em 13 produtos de uma compra em janeiro de 2021, passou a pagar agora R$ 234,79 para levar a mesma quantidade para casa. Isso ocorre devido ao aumento do valor médio por produto, que fez o cliente pagar até 200% a mais nos itens, na mesma comparação entre os períodos.

Isso mostra que a alta de preços afetou diretamente no comportamento de compra e consumo dos clientes, que, mesmo reduzindo o tamanho da cesta, substituindo categorias, produtos e marcas, tiveram um aumento na despesa com o abastecimento dos lares.

E a população de menor renda sofre um impacto mais intenso provocado pela alta dos preços. Segundo o doutor e professor de economia da UEM, Arthur Gualberto Bacelar Urpia, na medida em que os preços sobem e interferem na inflação, o poder de compra do trabalhador cai. “O poder de compra menor interfere no bem-estar e capacidade de adquirir bens e serviços. Quem ganha mais pode poupar e investir, o que não acontece com os mais pobres. Esses são afetados integralmente e não conseguem se defender da inflação”, explica Urpia.

É o caso do motorista Valdemilson Alencar, de 50anos, que precisou diminuir os lucros para conseguir clientes. “Trabalho com frete e aplicativo e preciso manter os mesmos valores para não perder a mudança. Mesmo com a alta dos combustíveis, não consigo passar tudo adiante. É melhor pingar do que secar”, afirma.

LISTA

 Um levantamento realizado na terça-feira, 15, comparou os valores de 13 produtos comercializados no mesmo supermercado, em março de 2021 e março de 2022. Entre os itens monitorados, o preço do tomate apresentou a maior variação de um ano para o outro: 338,91%. O quilo do alimento foi encontrado por R$ 2,39 em 2021 e R$ 10,49 este ano.

Outro produto com grande alta é o óleo de soja. O litro gramas apresentou variação de 284,623% entre um ano e outro (passando de R$ 2,47 para R$ 9,50). No caso do pacote de 500 gramas do café, a diferença chegou a 220,24% (entre R$ 4,99 e R$ 15,98). Já o pacote de 5kg de açúcar a alta foi de 200,33% (de R$ 5,99 para R$ 17,99).

E a inflação não para por aí. No caso do feijão (1kg), o valor que era R$ 2,89 chegou a R$ 7,39 (155,71%). Em relação à carne bovina contra filé (1kg), a variação chegou a 234,64% (de R$ 17,90 pulou para R$ 59,90). O frango à passarinho também sofreu aumento de 225,56%, passando de R$3,99 para R$12,99. Já o arroz (5 quilos) sofreu variação de 90,17% de preço, saindo de R$ 10,99 e indo para R$ 22,90. Na dúzia de ovos, o aumento foi de 141,09% (de R$ 3,48 para R$ 8,39).

EFEITO GUERRA

 As constantes mudanças de preços dos alimentos e combustíveis se devem, principalmente, à pandemia do coronavírus. Nem mesmo foi possível a recuperação da economia e um novo, e ainda mais forte fator, atinge o mercado global: a inflação. No Brasil, a inflação terminou 2021 em 10,6%. No Paraná, na região metropolitana de Curitiba, ela fechou o ano em 12,37%.

As previsões da inflação para 2022, até agora, vinham variando entre 5,5% a algo pouco acima dos 6% (lembrando que o teto da meta perseguida pelo Banco Central é de 5%). Mas essas previsões devem mudar, e para pior, por conta da guerra no Leste Europeu. A guerra entre Rússia e Ucrânia deve atingir nas próximas semanas, principalmente, o preço do trigo, um dos grãos mais importantes usados na alimentação. Pães, massas, bebidas e rações animais devem sofrer reajustes.

O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afeta a inflação. “Nossa região é uma importante estocadora de grãos e carnes, com os dois maiores produtos exportados, a soja e o frango. Com alteração no valor do milho, o frango é um produto que deve ficar ainda mais caro”, afirma o professor da UEM.

“Também há o impacto nos fertilizantes. A Rússia é o maior fornecedor desse produto para o Brasil, com cerca de 20% dos adubos comprados pelo país. E este é exatamente o momento do ano em que os produtores estão comprando os fertilizantes para a próxima safra. Portanto, o aumento dos custos por conta do conflito tornou-se motivo de grande preocupação, pois o Brasil importa 80% de tudo que consome e tem como principal parceiro a Rússia” ressalta Urpia.

Com tudo isso se junta o preço dos combustíveis, que tem impacto direto e indireto na inflação. “A instabilidade no preço do petróleo e seus derivados deve se manter ainda nos próximos meses. Mesmo com a queda no preço após a China enfrentar alguns problemas, os valores tendem a continuar subindo”, finaliza o economista.