Whindersson Nunes e Popó: na luta contra a depressão, quem ganha é o marketing

 

No dia 30 de janeiro, uma luta de boxe inusitada chamou a atenção da web durante o Fight Music Show: Whindersson Nunes e Popó. O humorista e o lutador, um dos maiores nomes da história do esporte brasileiro e quatro vezes campeão do mundo, se enfrentaram no evento em Balneário Camboriú, com plateia no local e transmissão por canais de esportes e pelo site oficial da festa.

Acelino “Popó” Freitas dominou a luta e quase levou Whindersson à lona no sexto round, mas o resultado do combate de exibição terminou em empate, seguindo o clima harmonioso da festa. Mas, por que o youtuber e o tetracampeão lendário se enfrentaram, após cinco anos de aposentadoria de Popó?

Os motivos para o embate entre os dois passam por outra luta: a de Whindersson contra a depressão. Desde 2019, ele enfrenta a doença e costuma falar abertamente sobre sua saúde mental, reforçando a importância da terapia para o tratamento do transtorno. Em 2021, o humorista teve a sua depressão agravada pela perda de seu filho, que nasceu prematuro no último ano, e o esporte o tem ajudado a superar a doença.

Após o empate, o marketing saiu vencedor

Um dos maiores fenômenos da internet, com 56,8 milhões de seguidores no Instagram, Whindersson mostrou o seu poder e moral com os seguidores durante a luta. Após encarar o tetracampeão mundial, o youtuber não precisou de grandes esforços para convencer seu público a acompanhar Popó nas redes: em poucos minutos após o pedido, o lutador atingiu a marca de um milhão de seguidores na rede de Mark Zuckerberg.

Apenas no dia da luta, o baiano ganhou 1,5 milhão de seguidores. E a valorização de Popó nas mídias sociais também ajuda, além do atleta, a popularizar o boxe em outras bolhas. Já Whindersson, com sua estratégia de exposição gerenciada na qual ele controla sua imagem, ao não tentar ser visto o tempo todo, e gerar ‘escassez’ para alcançar atenção em grandes eventos como o embate, aproveitou o hype para divulgar sua agenda de shows nos EUA, além de publis como o da Gillette.

“Farofa do Whindersson”?

Outra estratégia de Whind, bem apontada por Lucas Bernardes, criador do Copfy, foi reaplicar a usada com sucesso pela influenciadora Gkay: criar um evento com um objetivo que vai além do seu principal propósito. A luta, que pode ser vista como a “A Farofa do Whindersson”, foi marcada, além da valorização de Popó e do boxe, para ser mais uma pauta positiva para o youtuber.

O resultado? A sua divulgação em vídeos no Youtube, stories, reels, feed, podcasts e no Programa do Faustão, com amplo engajamento e compartilhamento por seus seguidores. Além de levantar a bandeira da importância dos cuidados com a saúde mental, valorizar o esporte e um dos lutadores mais lendários do Brasil, Whindersson foi vencedor em sua estratégia de marketing.

O evento, que pode ser visto como uma aula de marketing social, coloca no pódio os cuidados com a saúde mental, essenciais no Brasil – segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população. E também destaca um dos pontos mais importantes para a melhora do problema: a prática de atividades físicas, que gera endorfina e serotonina, hormônios que geram bem-estar.

Em pleno final de Janeiro Branco, Whind usou de sua influência para inspirar as pessoas a lutar e seguir em frente. Afinal, como disse o humorista, a vida é isso. E assim aprendemos a valorizar mais pautas de responsabilidade social, indispensáveis na era do propósito e do ESG; e a usar melhor os recursos infinitos que os influenciadores digitais e a internet nos oferecem para a divulgação de temas tão importantes para a sociedade.

 *Alex Cavalcante é CEO do Grupo PRODUZA Comunicação Neurobusiness