Vacina não impede o coronavírus

Mario Eugenio Saturno

Em junho do ano passado, eu escrevia o artigo “Mutações do coronavírus”, em que expunha a preocupação dos cientistas com a evolução do vírus pela grande quantidade de infectados no mundo e que seria imperativo que todas as nações fizessem uma quarentena rígida como a China e Itália fizeram. Diversos países não fizeram ou demoraram, surgindo mutantes mais eficientes na África do Sul, Reino Unido, Brasil e Índia.

As vacinas vieram em dezembro. Para o Brasil, a previsão era março, quando o governador paulista fixou o dia 25 de janeiro para início em São Paulo. Depois, acertou-se compartilhar as vacinas chinesas do Dória com o Brasil, começando a vacinar no dia 17.

O mundo já tem um ano e meio de experiência com a Covid-19, mas não aprendeu nada. Novamente, quem já vacinou metade da população crê que está tudo bem e libera-se tudo… Resultado é que os novos casos explodem! No dia 21 de julho, na France, 30.265 para 69.213, 129%, seguido nessa magnitude, Vietnã e Itália, os EUA, de 175.028 para 266.789, 52%, e o Reino Unido, de 232.448 para 328.637, 41%. Aumentos menores, mas expressivos, observa-se na Turquia, México, Holanda, Mianmar, Malásia, Espanha e Indonésia.

Por que isso ocorre? Porque as vacinas reduzem os sintomas e as mortes, não previnem 100% a doença, nem os sofrimentos, nem as sequelas e, o mais importante, não previne os mutantes! Isso até vacinar mais que 70% da população.

Tenho em casa o exemplo disso, minha esposa tomou a Astrazeneca completa em abril, eu tomei a primeira dose dessa vacina, e pegamos o vírus. Em 13 de junho, minha esposa testou positivo, apresentando sintomas moderados, tratou-se em casa. Em 17 de junho, foi a vez da minha filha mais nova, felizmente com sintomas leves. Dia 20, foi minha vez, apenas duas semanas da primeira dose da vacina. Tive sintomas moderados, mas a febre incessante levou-me à desidratação. Apesar de 25% do pulmão tomado, minha oxigenação estava boa, acima de para 95%. Em 14 dias, estávamos recuperados. Por sete dias, fiquei com a sentença de morte sobre minha cabeça, esperando pacientemente pelo início da recuperação, sabendo que muitos não superam.

Acredito que pegamos a variante P1, denominada Gama. Agora, entra no Brasil a variante Delta, da Índia. Essa variante provocou uma hecatombe naquele país, embora muitos cientistas estejam dizendo que as mortes e casos continuam com números altos sem serem notificados.

Muita gente está atrasando a segunda dose, é preciso ver a pesquisa dos Estados Unidos, em junho, 99,2% das mortes e 97% das hospitalizações por Covid-19 nos EUA foram de pessoas não vacinadas completamente. Os dados do CDC mostram que 67% dos adultos americanos com 18 anos ou mais receberam pelo menos uma dose da vacina, enquanto 58% estão totalmente vacinados.

Nos EUA, a variante Alfa, da Inglaterra, dominou até janeiro último, quando chegou a variante Gama, do Brasil, que se tornou dominante em meados de maio. Atualmente, a variante Delta é responsável por mais de 40% dos testes positivos e já está dominando em alguns estados dos EUA. Um grave alerta para o Brasil.

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano