Sustentabilidade nas empresas

Marcio Nunes

A preocupação com a aplicação de conceitos de sustentabilidade nos negócios está se disseminando por diversos setores econômicos. De acordo com recente estudo realizado pelo IBV (Institute for Business Value), vinculado à empresa de tecnologia IBM, nove em cada dez empresas afirmaram que vão trabalhar em iniciativas de sustentabilidade até 2022.

No relatório “A última chamada para a sustentabilidade”, 1.900 executivos globais de empresas de varejo e bens de consumo foram entrevistados. Porém, ao mesmo tempo em que a maioria quer mostrar ao mercado que está focada em se adequar a uma economia mais limpa, menos de um terço dos respondentes sabem como medir suas metas de sustentabilidade.

O estudo mostra também que os consumidores é que ditam esse crescimento no interesse das empresas: 84% dos consumidores indicam que a sustentabilidade ambiental é importante. Em comparação a dois anos atrás, 22% a mais dos consumidores afirmam que a responsabilidade ambiental é muito ou extremamente importante na hora de formar uma opinião sobre uma marca.

Assim, atuar de maneira sustentável e inteligente é mais do que uma decisão estratégica: é uma questão de sobrevivência.

Aqui no Paraná temos algumas empresas que estão dando ótimos exemplos.

O Grupo Boticário, uma verdadeira referência, anunciou um plano de adaptação em suas operações logísticas que prevê o fim do uso de combustíveis fósseis: a meta é ter apenas veículos elétricos em toda a frota até 2025, como parte do compromisso ambiental da empresa para o futuro. A iniciativa faz parte de um plano de sustentabilidade robusto, com foco em uma década de ação. Uma das metas é neutralizar as emissões de carbono até 2030.

Já a Klabin anunciou um investimento de R$ 40 milhões em uma nova tecnologia para papel-cartão capaz de oferecer barreira à água, ao vapor e à gordura, mantendo as características de reciclagem e compostagem originais do papel, sendo uma alternativa muito mais sustentável às opções atuais de embalagens.

E não apenas as grandes companhias estão buscando soluções. Conheci há alguns meses a Polisint, pequena startup de Maringá, que desenvolveu uma solução revolucionária para o reuso de resíduos industriais. A madeira polissintética é produzida com materiais descartados de difícil reciclagem ou que até então não podiam ser reciclados – como etiquetas, plásticos com várias camadas, isqueiros, tecidos e outros. Materiais que antes iriam superlotar aterros, agora são transformados em palanques para indústria e construção civil, suporte para placas de energia solar ou dormentes para trilhos de ferrovias.

Só existe desenvolvimento sustentável se as necessidades de hoje forem atendidas sem que se comprometa a capacidade das próximas gerações de fazerem o mesmo. Por isso, o futuro dos negócios – e do planeta – passa obrigatoriamente por uma economia regenerativa, capaz de gerar um retorno positivo para toda a sociedade.

* Marcio Nunes é secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná