O Sacramento da Eucaristia
Mario Eugenio Saturno
Escrevi em artigo anterior sobre o Sacramento do Batismo que tem base nos ritos e história dos judeus. Da mesma forma acontece com o Sacramento da Eucaristia, cujas origens remontam a Páscoa judaica.
Os Sacramentos são a forma que Cristo cumpre sua promessa: eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28,20). Jesus subiu aos céus, mas ficou para sempre na companhia dos homens de cinco modos: primeiro, pela sua palavra, que está nos Evangelhos: a palavra do Senhor permanece para sempre e esta palavra é a que vos foi anunciada pelo Evangelho (1Pd 1,25).
Segundo, ele ficou conosco em sua Igreja, que é o seu Corpo Místico: porque a Igreja em Cristo que é como o sacramento, ou o sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano (Lumen Gentium, nº 1).
Terceiro, pela presença e atuação do Espírito Santo: Deus manda aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abbá, papai (Gl 4,6)! Quarto, pelos Sacramentos: e ninguém ignora serem os Sacramentos ações de Cristo, que os administra por meio dos ministros. Para isso são santos por si mesmos e, quando tocam nos corpos, infundem, por virtude de Cristo, a graça nas almas (Mysterium fidei, 39).
Quinto, sobretudo, Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia, que é seu Corpo, seu Sangue e seu Sacrifício, presentes entre nós. Encontramos no Novo Testamento em grego a palavra eucaristesas, que é traduzido por dar graças, abençoar, nos textos do milagre da multiplicação (Mt 15,36) e da ceia pascal (Mt 26,26).
E quem lê com atenção percebe que Jesus não foi simbólico, mas literal: o pão que eu hei de dar é a minha carne para a salvação do mundo (Jo 6,51b). E mais: quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele (Jo 6,56).
A leitura do Gênesis mostra diversos elementos constantes em muitas culturas, prova de uma crença comum: os primeiros seres humanos (Adão e Eva) pecaram contra Deus por arrogância e inveja, um pecado impagável, mesmo com sacrifício do próprio filho, como Abraão e Isaac. Somente o sacrifício do próprio filho de Deus: antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chagara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo, 13,1).
Jesus instituiu a Eucaristia quando disse: tomai e comei, isto é o meu corpo. Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados (Mt 26,26-29). E ainda: Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19). De fato, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha (1Cor 11,26).
O mistério da Eucaristia é uma celebração, um memorial que lembra e revive grandes acontecimentos: a Encarnação: o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Por isso dizia Santo Agostinho: o Verbo de Deus, como que de novo se encarna. Segundo, a morte de Jesus, na qual fomos salvos. E terceiro, a Ressurreição, que é o começo do novo reino de Deus. Por isso, a missa é memorial também da Ressurreição do Senhor.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.