O direito e o desemprego
Ao se falar em direito a um emprego e a um salário digno, a transporte e moradia, não podemos apenas refletir com a disciplina Economia, temos que acrescentar na discussão outras disciplinas, até mesmo a Religião. Tudo vem da Federação e ao observar a agenda presidencial, a imprensa nos informa que temos um presidente que não se reúne com os geradores de riqueza, aliás, nem com seus ministros. É um governo sem estratégia e sem estrategistas.
O desemprego (desocupação) piorou muito desde o primeiro trimestre de 2.012, cuja taxa foi de 8%, segundo o IBGE. A partir de 2015 começou a subir, atingindo 11,1% no primeiro semestre de 2.016 e piorou durante a gestão de Bolsonaro que no primeiro trimestre deste ano fechou em 11,1%. Já a renda média caiu de R$ 2.612, dez anos atrás, para R$ 2.579, neste ano.
E o PIB no primeiro trimestre cresceu 1%, superado entre as grandes nações apenas pelo México (1,2%) e Canadá (1,4%). Apesar disso, não vimos o reflexo no emprego e renda. Talvez a quarta pior inflação do mundo (11,3% em abril) seja a causa do desastre da pátria amada, a taxa da Rússia foi de 16,7%, Argentina, 55% e Turquia, 70%. Os juros têm sua culpa também, enquanto no Brasil fechou em quase 13%, Turquia e Rússia ficaram em 14% e a Argentina em 47%.
Os preços do diesel e da gasolina não param de subir e o governo não sabe o que fazer. Talvez se o presidente parasse com motociatas, jetski, churrascos com picanha de R$ 1.200 o kg, e trabalhasse reunindo seus ministros com a sociedade que pensa, poderiam elaborar uma estratégia para baixar os preços, afinal, desde Itamar, todos os presidentes conseguiram. Só o mito(mano) não consegue.
Algum assessor mais esclarecido (deve ter algum) poderia dizer que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, não foi feita para proteger bandido. Por exemplo, em seu artigo 23, diz: “Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha do emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. Todo ser humano, que trabalha, tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana.”
O presidente declara-se católico e defensor da família e da vida, apesar de defender o excludente de ilicitude (morte de qualquer bandido sem passar pela Justiça), deveria ouvir João Paulo II que nem o mais estulto dirá que seja comunista: “O trabalho é uma dimensão fundamental da existência humana, pela qual é construída cada dia a vida humana, da qual recebe a própria dignidade específica” (Laborem Exercens, nº 1) e “O trabalho humano é provavelmente a chave essencial de toda a questão social” (nº 3).
De qualquer forma, presidente, deputados e senadores deveriam abrir os olhos, a pesquisa Ipespe de 6 de maio mostra que os cidadãos que podem votar elegem como prioritários a Educação (23%), Inflação e Custo de Vida (23%), Desemprego (17%) e Saúde (14%), seguidos pela Fome/ Miséria (6%), Corrupção (5%) e Violência (4%).
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.