Eu vi aquela mãe chorando…

Uma homenagem a Juliano Aguiar

Ela estava ali, do lado da cabeceira do caixão lacrado, diminuída em sua dor, dobrada pelo sofrimento, quietinha, e as lágrimas desciam em silêncio pelo rosto. Sentei do seu lado e dividimos o sofrimento da perda de seu filho amado JULIANO AGUIAR. Esta mãe sofrida não teve tempo de dizer-lhe o último adeus, nem de lhe dar o último beijo. E não há dor maior para uma mãe do que enterrar o seu filho sem vê-lo, sem fazer o último carinho em seu rosto. A fatalidade de ter sido encontrado morto, sozinho, em sua cama tirou o radialista mais popular da cidade de Cianorte de nosso convívio.

Juliano era uma pessoa serena, trabalhador dedicado ao que fazia, e não foi nada fácil caminhar pelo penhasco da vida, para construir sua carreira. Com ele, Silene Almeida, sua companheira por muitos anos, foram abrindo o caminho e superando cada um dos impedimentos ao longo do trabalho realizado a dois. Vi Também Silene, muito triste diante da perda de Juliano, agora, apenas seu companheiro de trabalho e que até os últimos momentos dividiam suas tarefas de televisão.

Não é nada cômodo construir um caminho saindo do nada, e devagar construir toda uma história no mundo da comunicação cianortense. E o mais triste é não poder desfrutar mais tarde do resultado de toda esta longa e dolorosa caminhada. Com 45 anos apenas, JULIANO AGUIAR neste momento estava pronto e amadurecido para enfrentar novos caminhos e aí vem o seu desaparecimento, de repente, sem avisar e deixa seus amigos e seus ouvintes e seu público sem chão. Quando chegou a notícia da perda, a cidade se cobriu de uma imensa solidão e também, no coração de seus amigos. Inconformados! Difícil de acreditar que um homem tão jovem e tão cheio de sonhos possa ter nos deixado de uma forma tão brusca e repentina, sem sequer nos dizer adeus. Acho que o pior da morte e da perda é descobrir o justo valor de um homem que só
é reconhecido muitas vezes quando ele não está mais aqui para contar a sua história.

E como diria Cruz e Souza: “Juliano, que assim seja! Fecha os olhos e morre calmamente! Morre sereno do dever cumprido! Nem o mais leve, nem um só gemido, traia, sequer o teu sentir latente… Morre com teu dever! Na alta confiança de quem triunfou e sabe que descansa, desdenhando de toda a recompensa!”.

Vai com Deus querido amigo JULIANO, pois, morre o corpo, mas a alma abre asa e vai para mudar de casa!

Izaura Varella
Cidadã Cianortense