Centro das decisões políticas e dos negócios

Janine Brito*

Além da arquitetura reverenciada no mundo todo, Brasília tem outra singularidade: é um solo fértil para o desenvolvimento de negócios. Isso porque a alta renda da população impulsiona a economia local; e a proximidade com o poder – o que inclui as embaixadas – abre um espectro de possibilidades para empreendedores das mais variadas ramificações.

Um levantamento do governo federal, recentemente entregue, posiciona a nossa cidade entre os cinco melhores ambientes de negócios do país. Alcançamos nota superior à média nacional na edição de 2022 do Índice de Concorrência dos Municípios (ICM), elaborado pelo Ministério da Fazenda, e estamos em quinto lugar entre 119 cidades avaliadas.

Nossa vocação empresarial ancora-se na coragem dos empreendedores que se arriscaram aqui, nos primórdios daquela que viria a ser uma das maiores cidades do país. Meu pai foi um deles, o que me orgulha muito.

A relativa estabilidade que sentimos aqui ajuda na segurança dos investimentos, sem contar a capacidade de crescimento da cidade, que atrai a atenção de empresários de outros estados e até de fora do país.

Temos, ainda, um dos melhores aeroportos em termos de acessibilidade do Brasil, centralizado em um país de dimensão continental, com voos para quase todas as capitais. Isso acaba refletindo e sendo um diferencial para o comércio nacional.

Com a mudança da Junta Comercial para o organograma do GDF (que até o fim de 2018 era ligada ao governo federal — a única do Brasil neste modelo), conseguimos dinamizar o processo de abertura de uma empresa. Antes levava-se de 60 a 90 dias para concluir esta etapa embrionária. Hoje, como tudo é digitalizado, é possível instalar uma firma em questão de horas. O mesmo raciocínio vale para o encerramento de um negócio.

De acordo com o Ministério da Fazenda, até 2022 políticas de desburocratização e desoneração tributária foram alguns dos pontos que contribuíram para o avanço da capital federal nas avaliações nacional e regional. No Centro-Oeste, somos a cidade campeã, seguida pelas vizinhas Goiânia e Anápolis. Como resultado disso, foram criadas 20,8 mil empresas no DF no ano passado — 15% a mais do que em 2021, de acordo com o governo local.

Mas como tudo pode melhorar, precisamos, por parte do governo, de um planejamento estratégico para criar, ampliar e fomentar o desenvolvimento econômico do Distrito Federal.

O desafio é criar um ambiente que possa ser favorável para desburocratizar os processos, dando mais agilidade nas regulamentações. Precisamos, ainda, retomar os projetos de incentivos fiscais, bem como realizar investimentos em diversas áreas, qualificando melhor os nossos profissionais.

Brasília merece uma ampla divulgação capaz de mostrar para o Brasil e para o mundo os ganhos de se investir aqui. Potenciais não faltam! Juntos – setor produtivo, governo e classe trabalhadora – podemos ser exemplo, não porque somos o centro das decisões políticas do país. Mas, sobretudo, porque o espírito empreendedor e visionário do nosso fundador JK, felizmente, corre por nossas veias.

* CEO do Grupo Pinheiro de Brito e presidente do Lide Mulher Brasília.