Alemanha e Gaza, a conexão trazida por Lula e rechaçada por Israel

No cenário atual, um movimento poderoso ecoa pelas ruas da Alemanha, onde milhões de pessoas têm se levantado contra a ascensão da extrema direita. Essa mobilização massiva, impulsionada pelo medo de que os horrores do passado possam se repetir, evoca memórias dolorosas do Holocausto e da brutalidade perpetrada pelo regime nazista. A história nos ensina que o silêncio e a inação diante do extremismo político podem levar a consequências devastadoras, e é com esse conhecimento que o povo alemão marcha, erguendo cartazes com mensagens como “Nunca mais”.

No entanto, essa preocupação não está confinada às fronteiras da Alemanha. Em paralelo a esse movimento, um novo capítulo de violência e sofrimento se desenrola na Faixa de Gaza, onde o povo palestino enfrenta um terrível cerco e ataques implacáveis por parte de Israel. O que vemos ali é mais do que um conflito armado: é um genocídio em curso, uma tragédia humanitária que clama por justiça e solidariedade internacional.

As semelhanças entre esses dois eventos históricos não podem ser ignoradas. Assim como o Holocausto foi resultado da ascensão do ódio e da intolerância, o que ocorre em Gaza é fruto do mesmo tipo de ideologia que busca aniquilar um povo inteiro. O presidente Lula não poderia estar mais correto ao fazer essa conexão, ao chamar a atenção para o fato de que, mais uma vez, estamos testemunhando a violação dos direitos humanos fundamentais e o desrespeito à dignidade humana.

Lula está defendendo não apenas a verdade histórica, mas também os princípios básicos de humanidade. Quantas atrocidades mais vamos permitir usando a Bíblia como justificativa? Ouço cristãos dizendo que os judeus são o povo escolhido e que ninguém deve mexer com o “povo de Deus”. De acordo com suas convicções cristãs, tá liberado matar “em nome de Deus”? De que Deus? O mesmo que nos deixou Cristo como exemplo a ser seguido? O Cristo em que os judeus não acreditam? Importante lembrar que cristianismo e judaísmo são crenças distintas, mas o brasileiro médio não sabe ou não quer saber, porque ouviu do pastor que precisa defender Israel incondicionalmente, então vamos encher o Brasil de bandeiras do estado de Israel, não é assim? Nas casas dos cristãos brasileiros, do ladinho da bandeira do Brasil, está hasteada a bandeira de Israel.

É imperativo que nos levantemos contra qualquer forma de opressão e violência, seja ela perpetrada pela extrema direita na Alemanha ou pelo Estado de Israel em Gaza. O silêncio não é uma opção. Devemos nos unir em solidariedade aos que sofrem e exigir justiça, paz e respeito pelos direitos de todos os povos, em todos os lugares.

 

Débora Andrade (@deboraandrade) é escritora, jornalista, graduada em Direito e criadora de conteúdo.