A demência nos Estados Unidos
Pesquisadores da Universidade de Columbia e da Universidade de Michigan fizeram o primeiro estudo representativo nos Estados Unidos da América de comprometimento cognitivo em mais de duas décadas. O estudo foi publicado na revista JAMA Neurology.
Embora a demência e o comprometimento cognitivo leve sejam conhecidos por serem comuns nos Estados Unidos, medidas precisas e atualizadas de sua prevalência nacional eram escassas. Este estudo encerra mais de uma década de desenvolvimento de métodos para trazer ferramentas de diagnóstico robustas.
A primeira grande descoberta foi que um em cada 10 adultos norte- americanos com mais de 65 anos tem demência. O estudo também descobriu que outros 22% têm comprometimento cognitivo leve. As taxas de demência e comprometimento cognitivo leve aumentaram acentuadamente com a idade: 3% das pessoas entre 65 e 69 anos tiveram demência, subindo para 35% para pessoas com 90 anos ou mais.
Pessoas com demência e comprometimento cognitivo leve estão mais presentes também entre os com níveis menores de educação, 13% e 30%, respectivamente, até o segundo grau, 9% e 21% até o nível superior; entre os negros (15% e 22%) e hispânicos (10% e 28%). Entre os brancos, encontramos 9% e 21%. Homens e mulheres têm taxas semelhantes de demência e comprometimento cognitivo leve.
O estudo foi baseado em dados de 3.500 indivíduos no Projeto Protocolo de Avaliação Cognitiva Harmonizada (HCAP) do Estudo de Saúde e Aposentadoria (HRS) nacionalmente representativo. Entre 2016 e 2017, cada participante completou um conjunto abrangente de testes neuropsicológicos e entrevistas em profundidade, que foram usados para desenvolver um algoritmo para diagnosticar demência ou comprometimento cognitivo leve.
Estima-se que o impacto econômico da demência, incluindo cuidados familiares não remunerados, custe US$ 257 bilhões por ano nos Estados Unidos e US$ 800 bilhões em todo o mundo.
As disparidades no comprometimento cognitivo são impulsionadas pela exposição a desigualdades estruturais e sociais. Ao contrário de grandes pesquisas anteriores de demência nos Estados Unidos, os participantes do novo estudo são representativos de adultos mais velhos, e os pesquisadores puderam examinar as diferenças na prevalência nacional de demência e comprometimento cognitivo leve por idade, raça e etnia, gênero e educação.
O projeto também faz parte de uma rede internacional de estudos sobre demência usando o mesmo protocolo de estudo para coletar dados comparáveis sobre demência em 15 países ao redor do mundo. Isso permitirá que os pesquisadores avaliem e comparem o fardo da demência em países de baixa, média e alta renda agora e na próxima década.
Esses dados são críticos para entender as causas, custos e consequências da demência e comprometimento cognitivo leve nos Estados Unidos, e para informar as políticas destinadas a reduzir seu impacto sobre pacientes, famílias e programas públicos. Ainda mais considerando o provável impacto da COVID e outras mudanças recentes na saúde da população sobre o risco de demência nas próximas décadas.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.