Uma gigantesca montanha de lixo

Marcio Nunes
Gerar menos lixo e tratar corretamente os resíduos continua sendo um grande desafio

O Brasil vai fechar 2022 com a marca de 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados pelas famílias brasileiras – o equivalente a 224 mil toneladas diárias. Uma verdadeira montanha de lixo. Os dados constam da edição 2022 do Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil – estudo divulgado anualmente pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

O volume é 1% menor que o registrado em 2021 – porém, essa pequena e aparente redução se deve mais à volta maciça ao trabalho presencial nas empresas do que a uma queda na geração de lixo, uma vez que o índice mede apenas o volume residencial.

A boa notícia é que a coleta seletiva cresceu de 74,4% dos municípios brasileiros, em 2021, para 75,1% neste ano.

DESTINAÇÃO CORRETA, O DESAFIO
Apesar de também ter registrado pequeno avanço na comparação entre um ano e outro, a destinação correta dos resíduos sólidos coletados ainda é o “Calcanhar de Aquiles” do sistema de gestão de resíduos, mostra o estudo.

A maior parte dos resíduos coletados no país (61%) continua sendo encaminhada para aterros, com 46,4 milhões de toneladas enviadas para destinação ambientalmente adequada em 2022.
Por outro lado, áreas de disposição inadequada, incluindo lixões e aterros controlados, ainda seguem em operação em todas as regiões do país e receberam 39% do total de resíduos coletados, alcançando um total de 29,7 milhões de toneladas.

As regiões Sudeste e Sul têm os melhores índices de destinação correta, com 74,3% e 71,6% respectivamente. Por outro lado, no Norte, Nordeste e no Centro-Oeste, os indicadores estão muito abaixo da média nacional – 36,6%, 37,2% e 43,5% respectivamente.

A Lei de Resíduos Sólidos, de 2010, dava oito anos para que os municípios acabassem com esses espaços. Mas em 2020, com a Lei do Saneamento, esse prazo foi estendido para 2024. De acordo com o levantamento da Abrelpe, os recursos aplicados pelos municípios nos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos – que incluem coleta, transporte, destinação final e serviços gerais de limpeza urbana, somaram pouco mais de R$ 28 bilhões, em 2021 – o que representa R$ 10,95 por habitante por mês, na média nacional.

PATRULHA AMBIENTAL E BARRACÕES MELHORAM ÍNCIDES
O Paraná teve um importante impulso para reduzir o problema com as políticas para resíduos sólidos que adotamos na Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), no governo Ratinho Junior. Equipamentos como caminhões de coleta e barracões para reciclagem estão sendo fundamentais para que os municípios possam gerir seus resíduos.

Já entregamos cerca de 570 caminhões compactadores de lixo, de coleta seletiva, caminhões caçamba para resíduos da construção civil e limpa-fossa. Nesta quinta-feira, entregaremos mais 166 veículos para as administrações municipais. Também nessa gestão, foram viabilizados 25 barracões com kits de reciclagem. Equipamentos que as prefeituras, sozinhas, jamais poderiam adquirir.

Urge que todos os governos estaduais, bem como a União, atentem para a importância de investimentos nessa área, para não deixar os municípios com a incumbência de descascar o abacaxi sozinhos. O exemplo do Paraná pode – e deve – ser seguido por todo o país.

Marcio Nunes é deputado estadual e ex-secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná