Restaurantes têm queda de até 90% no movimento

Devido à pandemia do coronavírus e ao isolamento social, restaurantes da cidade tiveram uma queda expressiva no movimento. A redução dos consumidores fica entre 60 a 90%. Além disso, como apontou os proprietários de estabelecimentos do gênero, com o confinamento, seus  clientes optam por fazer suas refeições em casa.

De acordo com o proprietário do restaurante Agridoce, Helton Souza Portas, na primeira semana em que foi determinado o isolamento social e o fechamento dos restaurantes para atendimento ao público, o movimento do seu negócio teve uma redução de 80%. “Como trabalhávamos com o delivery, o nosso movimento caiu 80%. No momento ele continua baixo, mas agora temos alguns atendimentos ao público. Atualmente estamos com uma redução de 60%”, contou Portas.

“Em um dia normal mandávamos cerca de 50 marmitas. Agora fazemos cerca de 30, ainda é um número alto, pois o pessoal leva pra casa”, disse Portas.

Para que o restaurante atenda ao público e possa funcionar, o estabelecimento seguiu medidas impostas pelos órgãos de saúde e pela Prefeitura de Cianorte. “Agora temos mais espaço, pessoal não pode sentar perto. Para pegar a comida cada um tem que colocar uma luva. Disponibilizamos uma pra cada (cliente). Além dos frascos de álcool em gel nas duas entradas”, afirmou o proprietário.

Com relação ao número de funcionários, Portas explicou que foi necessário fazer cortes. “Tínhamos 11 funcionários e agora estamos com quatro. Dois estão de férias, quatro trabalhando e os demais foram dispensados. Eles estavam em período de experiência”, afirmou.

A redução de funcionários também aconteceu no restaurante Cantina Dona Ana. Como contou a funcionária, Elisa Menegasso, o restaurante familiar conta com seis pessoas na equipe. “Somos eu, meus pais e mais três funcionários. Tivemos que dar férias a uma das colaboradoras. Demos 20 dias. E depois 20 dias para outra. Quando o período acabar, vamos dar mais 10 dias. Se as duas ficassem aqui não teria serviço. Damos conta com apenas uma”, explicou.

O número de funcionários reduziu devido a grande queda no movimento do restaurante. “O movimento caiu muito, cerca de 80%. Começamos até a fazer entrega para ver se melhorava, mas continua muito baixo. Em dias normais atendíamos umas 150 pessoas, agora vêm umas 30, incluindo o pedido de marmitas”, contou Elisa.  

“Além disso, o pessoal tenta ficar mais em casa mesmo, evitam ir aos lugares. E nós temos que nos adaptar e nos adequar a essa situação que estamos vivendo”, reforçou a funcionária.

Para atender os clientes, o restaurante colocou frascos de álcool em gel espalhados pelo local e os funcionários ajudam os clientes a fazerem seus pratos. “Temos álcool em todos os pontos onde o cliente passa. Os funcionários usam máscaras e nós que estamos os servindo. Colocamos o alimento com o pegador, para eles não manusearem os utensílios”, explicou Elisa.

Além disso, a equipe do estabelecimento retirou parte das mesas do local. “Deixamos cerca de dois a um metro e meio de distância entre elas. Mas são poucas pessoas que vem, então eles já sentam em locais distantes”, afirmou Elisa.

A mesma estratégia usada no Cantina Dona Ana foi adotada no restaurante Casarão. Para receber os clientes, o estabelecimento distanciou as mesas, disponibilizou luvas para que as pessoas se sirvam e uma funcionária para ajudá-los, como contou a gerente Viviane Baili. “Colocamos mesas reservadas para que fiquem sempre vagas e as outras para a pessoa se sentar, então as mesas ficam intercaladas. Também temos uma funcionária pra servir os clientes. A maioria não aceita ser servido, mas todos já passam álcool em gel. E ainda oferecemos as luvas para que se sirvam”, afirmou Viviane.

De acordo com a gerente, o estabelecimento costuma contar com uma equipe de 24 funcionários, mas no momento possui apenas sete trabalhando. “Eu dispensei todos os extras, e já despedi outros três funcionários. E mesmo assim não tenho condição de pagá-los, pois a venda não vai suprir a despesa. Estamos vendo se não vale a pena fazer uma suspensão de contrato com todos e manter fechado”, contou a gerente.

O restaurante, em dias normais, faz cerca de 70 marmitas, tanto para entrega quanto retirada no local, mas agora o número gira em torno de 10. Além disso, o estabelecimento, que possui capacidade para 240 pessoas sentadas, hoje recebe entre 10 a 15 pessoas.  “O movimento caiu cerca de 90% a 95%. Entregamos marmitas, mas poucas. O nosso cliente é muito mais presencial, são mais famílias e pessoas de idade. E essas pessoas preferem ficar em casa e fazer sua própria comida”, disse Viviane.

Conforme relatou a gerente, o restaurante não recebeu nenhuma ajuda de bancos ou financiamento. “Não estão fazendo nada pelo comércio. Então a gente tem que segurar, tentar trabalhar de outra forma para fazer algo na vida”, lamentou. Além disso, Viviane ainda reforça que o toque de recolher também prejudicou muito o comércio e restaurantes que vivem da noite.

De acordo com a gerente, a população não respeita o horário e seguem se reunindo durante fins de semana. “O toque de recolher não resolve nada. Pessoal sai de casa, estão em bares até tarde da noite. A população não está colaborando. Não adianta nada colocar um toque de recolher para quebrar o comerciante, enquanto a população continua fazendo festa. Isso pode piorar muito a situação”, explicou a gerente.

Restaurantes concentram venda nas entregas de marmitas porque movimento presencial caiu quase 90%
Foto: Renata Martins

 

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