Falta de repasse pode suspender atendimentos na Fundhospar

A crise financeira da Fundação Hospitalar do Paraná (Fundhospar), em Cianorte, atingiu um nível crítico e pode resultar na suspensão dos atendimentos médicos a partir desta segunda-feira. 24 de março. Profissionais de saúde da instituição emitiram uma carta informando que poderão interromper os serviços devido à falta de pagamento pelos atendimentos já prestados. A paralisação pode afetar mais de 160 mil pacientes dos municípios atendidos pela 13ª Regional de Saúde (RS).

O diretor da Fundhospar, Gilmar Célio, acompanhado da administração do hospital, concedeu uma coletiva de imprensa na tarde de sexta-feira (21). Ele reforçou que os financiamentos atuais são insuficientes para cobrir os custos operacionais da unidade.

“Se a gente tivesse mantido o Projeto de Acesso, não estaríamos com esse rombo. É minha responsabilidade lutar e mostrar para quem quiser e para quem perguntar sobre a situação”, afirmou o diretor.

Segundo Célio, no dia 21 de fevereiro, o Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Centro Noroeste do Paraná (CICENOP) foi informado de que, a partir desta segunda-feira, 24, haverá remanejamento e não aceitação de novos pacientes, caso o problema não seja resolvido.

“Avisamos sobre a situação e, até hoje, não tivemos nenhum retorno. Comunicamos todas as autoridades competentes sobre o desvio do fluxo e a devolução de pacientes, caso a situação não seja resolvida. O desvio de fluxo significa que não aceitaremos mais pacientes. Os que já estão internados serão atendidos normalmente, sem prejuízos, mas realizaremos a remoção adequada de todos”, explicou.

A Fundhospar enfrenta dificuldades financeiras há anos, mas o problema se agravou nos últimos meses devido à defasagem dos repasses e à redução dos valores recebidos pelo Cicenop. Até outubro do ano passado, a Santa Casa recebia parcelas de R$ 750 mil por meio do Projeto Acesso. No entanto, a partir de novembro, o contrato, que vinha sendo renovado trimestralmente, não foi prorrogado, resultando em um acúmulo de dívidas de R$ 4,3 milhões.

Em 2025, o contrato foi restabelecido, mas com um valor reduzido para cerca de R$ 509 mil por parcela. Desse montante acumulado, aproximadamente R$ 2 milhões são referentes a honorários médicos em atraso, enquanto os outros R$ 2 milhões destinam-se ao pagamento de fornecedores, medicamentos e insumos essenciais para o funcionamento do hospital.

“Os médicos entregaram uma carta solicitando desligamento da escala médica, que vence no dia 1º. Todos os especialistas assinaram o documento. Sem o quadro de especialistas, o hospital não pode funcionar, principalmente o pronto-socorro. Se não temos especialistas, não podemos receber pacientes”, concluiu o diretor.

O vereador Coronel Elias usou as redes sociais para reforçar a gravidade da situação e destacou a necessidade de medidas imediatas para evitar um colapso no sistema de saúde.

“O Legislativo tem feito o seu trabalho acompanhando este processo. Mas é gravíssimo. As origens dessa crise, o subfinanciamento, o próprio questionamento da gestão da Fundhospar, têm que ser efetivamente averiguados. Mas nós temos que resolver o problema agora. E dentro da proposta que partiu do Ministério Público, com a qual nós concordamos, há a necessidade do aporte imediato de R$ 4 milhões para cobrir essa ausência do financiamento desde outubro. E também o aumento dos repasses, em torno de parcelas de R$ 1 milhão a R$ 1,1 milhão, para que as operações consigam continuar sem interrupção”, afirmou.