Casas Ecológicas promovem inovação ambiental em Cianorte

Na busca por alternativas mais sustentáveis e econômicas na construção civil, surge o interesse em técnicas que valorizam os materiais naturais e promovem a eficiência energética. Uma dessas opções é a construção de casas ecológicas, que se destacam por suas características de isolamento térmico e baixo impacto ambiental, além de impulsionar o ecoturismo local.

Em Cianorte já é possível observar exemplos concretos desse tipo de construção, com a utilização de técnicas tradicionais combinadas com materiais inovadores, as casas garantem durabilidade e até um sistema de saneamento ecológico.

As obras são feitas por um mutirão que reúne profissionais da construção e interessados no projeto. Uma dessas casas está localizada no Pesqueiro Pantanal, na rodovia PR-323. A obra com 24 m² tem como um dos principais elementos utilizados na construção, a hiperadobe ou terra ensacada, nessa técnica se utiliza a terra limpa sem resíduos orgânicos, normalmente do próprio local da obra. Essa terra é peneirada e em uma sacaria de cítricos, cuja malha é aberta, preenchemos com a terra e substituído o tijolo e cimento, proporcionando um excelente isolamento térmico que pode variar até 14 C°.

Um detalhe interessante é a ausência de cimento nas paredes, com exceção das áreas molhadas, como o banheiro. Nestes casos, o reboco com cimento foi necessário para garantir a impermeabilização adequada. No entanto, o interior das paredes permaneceu com o material natural, contribuindo para um ambiente mais saudável.

Outro aspecto notável é o método de isolamento do telhado, que foi realizado com camadas de papelão, plástico comum e manta térmica. Esse sistema de isolamento, aliado às tábuas e uma camada de areia, proporciona um ambiente térmico estável e confortável. O “telhado verde” ainda conta com plantação de grama e boldo chileno que ajuda no isolamento e estética da cobertura.

A preocupação com a sustentabilidade também se reflete no custo da construção. De acordo com o responsável pelo projeto, o valor estimado para a construção dessa casa ecológica é de aproximadamente 15 mil reais, o que representa um investimento acessível considerando os benefícios em longo prazo e uma economia de até 60%, em comparação a uma obra convencional.

Além disso, a durabilidade dos materiais utilizados, como a terra e o bambu, contribui para a caracterização dessa casa como uma “casa eterna”, ressaltando sua longevidade e resistência.

Um dos idealizadores do projeto é o jornalista e engenheiro agrônomo Lincoln Munhoz, que trouxe a ideia após uma temporada na Espanha e reuniu pessoas interessadas no tema. Hoje, Cianorte conta com duas casas construídas e uma terceira em fase de construção.

“Já fizemos essas casas, agora estamos trabalhando na minha. Quando cheguei na cidade, apresentei a ideia para Sidney do IDR, que compartilhou a ideia com mais pessoas interessadas da região, e hoje somos um grupo de 27 pessoas entre ativos e interessados no assunto”, conta o jornalista.

A construção da casa de Munhoz tem 32 m² e também contará com saneamento ecológico. A ideia é transformar o local em um ponto de ecoturismo, para que mais pessoas possam conhecer e compartilhar experiências.

“É um projeto sustentável e de fácil acesso que só necessita que as pessoas tenham mais interesse e compreendam que é possível construir de forma consciente, respeitando os recursos naturais e proporcionando conforto e qualidade de vida aos moradores”, explica.”

Hiperadobe ou terra ensacada utiliza a terra limpa sem resíduos orgânicos

Saneamento ecológico

O saneamento ecológico é uma abordagem para o tratamento de águas residuais que prioriza métodos naturais e sustentáveis, minimizando o impacto ambiental e promovendo a reutilização dos recursos. As casas utilizam de uma fossa séptica ecológica, que opera de maneira semelhante à tradicional, porém incorpora elementos naturais para purificar a água residual.

As minhocas desempenham um papel fundamental na decomposição de matéria orgânica, ajudando a filtrar e limpar a água. Na fossa séptica, elas são alojadas na parte superior, junto com uma camada de maravalha, que fornece material orgânico adicional e absorve o excesso de umidade.

A estrutura da fossa séptica ecológica é composta por diferentes camadas, cada uma cumprindo uma função específica. Abaixo das minhocas e da maravalha, encontra-se uma camada de pedra brita, que atua como um filtro físico, retendo partículas sólidas e permitindo a passagem da água. Mais abaixo, há uma camada de caco de telha ou pedras maiores, que serve como base para a filtragem final.

A água tratada é então direcionada para fora da fossa, seguindo para um sistema adicional de purificação, como um filtro de zona de raízes, onde plantas específicas ajudam a remover contaminantes adicionais e a melhorar a qualidade da água. Em outros casos, a água tratada pode ser redirecionada diretamente para sistemas de irrigação ou para um círculo de bananeiras, onde as plantas absorvem os nutrientes e contribuem para a reciclagem dos resíduos.

Em comparação com os métodos convencionais de saneamento, o saneamento ecológico oferece diversas vantagens, incluindo a redução do consumo de energia, a promoção da biodiversidade e a conservação dos recursos hídricos. Além disso, ao integrar processos naturais, como a ação das minhocas e das plantas, esse sistema proporciona uma solução sustentável e de baixo custo para o tratamento de águas residuais.