Vidas que necessitam de vida; relatos de um lar de repouso

 

Weslle Montanher / Tribuna de Cianorte
Tetê, aos 80 anos, manda beijo para a fotografia

Marisa de Oliveira Beluco tem dedicado a vida para cuidar daqueles que mais precisam de amor e carinho

Weslle Montanher
Marisa Beluco fala sobre o trabalho

Após ver a filha vencer um AVC aos 20 anos, a técnica de enfermagem Marisa de Oliveira Beluco decidiu que dedicaria a vida em prol de pessoas que passaram pela mesma dificuldade. Foi então que, há quatro anos, criou o lar de repouso Estrela Guia. Com trabalho destinado a idosos, ela passou a trabalhar para que pessoas, após se dedicarem uma vida toda, pudessem ter o descanso merecido, acima de tudo com amor.

Atualmente instalada em uma pousada campestre, na Estrada da Pala (zona rural de Cianorte), a Estrela Guia é referência regional em tratamento de idosos e traz ao longo dos anos histórias comoventes, desde superação a relatos de vida marcados por rostos cansados.

Nosso trabalho é acolher, dar amor e dizer a eles que estão seguros, relatou a diretora da pousada.

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“Eu sinto que faço parte da vida deles!, diz diretora da pousada

Os acolhidos participam semanalmente de atividades lúdicas, com atendimento psicológico, fisioterapêutico e assistencial. Sobretudo, segundo Marisa, o amor é o principal fator motivacional da recuperação. São histórias de vida diferentes, são pessoas, seres humanos, que têm emoção e sentimentos, e por isso não podem ser tratadas como objetos”, afirmou.

Além do trabalho de amparo às famílias, Marisa contou que há histórias de abandono, de idosos que foram retirados das ruas e alguns até mesmo que sofriam violência física. Temos algumas famílias que pagam mensalidades para prestarmos nosso serviço, no entanto, temos casos de pessoas que não têm um porto seguro e com isso ficam vulneráveis, por isso acolhemos de forma voluntária, reforçou.

Weslle Montanher
Atividades lúdicas

O carinho expressado por Marisa aos internos é tão intenso que alguns a chamam de mãe. Pessoas afetivamente carentes, que necessitam de atenção, não de medicamentos apenas. Esta é minha missão, trazê-los para minha vida, pois não são mercadorias, são pessoas e precisam de calor humano, admitiu a diretora da pousada.

Ela disse ainda que o trabalho da Estrela Guia busca, acima de tudo, fortalecer o laço familiar, colocando os parentes mais próximos sempre a par da rotina do acolhido. Temos sim famílias muito presentes, geralmente são aquelas que buscam em nós um apoio para cuidar do idoso, mas o que mais nos comove são histórias de abandono, relatou.

Tanto cuidado é expresso por meio de sorrisos sinceros daqueles que se doaram durante toda uma vida e agora buscam no colo do outro a alegria de ainda sentir-se vivo. Pessoas que chegaram sem andar e hoje brigam para não ficar sentadas. Homens e mulheres que, na última etapa da vida, só pedem um pouco mais de atenção. É impossível não dizer que eles não fazem parte da minha vida, pois eu sinto deles que eu, nós, fazemos parte da vida deles, encerrou a coordenadora, sem disfarçar as lágrimas.

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Alguns dos acolhidos pela equipe da Pousada Estrela Guia