Programa de castração de gatos deve ser lançado ainda este ano

A população de gatos está aumentando rapidamente em todo o país. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), mostra que os felinos já são 22,1 milhões e ficam atrás apenas dos cachorros, 52,2 milhões, e das aves canoras e ornamentais, 37,9 milhões.

Ainda de acordo com a pesquisa, o número de gatos cresce em maior proporção e deve predominar em menos de 10 anos. O problema é que nem todos são domesticados e vivem sob tutela, muito pelo contrário, a maioria está nas ruas e se reproduz desenfreadamente, gerando uma superpopulação.

Em Cianorte, o número de gatos nas ruas tem aumentado muito nos últimos anos e as Organizações Não Governamentais (ONGs) que cuidam de animais não estão conseguindo recolher tantas ninhadas abandonadas. Para o médico veterinário Marcos Magalhães, a superpopulação de gatos é um problema mascarado, porque eles não são vistos nas ruas.

Realmente temos percebido um aumento na população de gatos. Eu conheço vários cuidadores na cidade que tem 30, 40, 50 gatos e sofrem cada vez mais, porque as pessoas ficam sabendo que eles acolhem os animais e abandonam caixas e caixas com ninhadas, às vezes diariamente, afirma.

Uma dessas cuidadoras, que preferiu não se identificar, mora na Zona 2 e tem quase 50 gatos em casa. Ela começou a recolher os animais de rua e passou a receber ninhadas abandonadas em frente à residência. Com o tempo, os custos foram aumentando e ela precisou colocar cachorros no portão da frente para que as pessoas parassem de abandonar os animais ali. Atualmente, todos são castrados com ajuda de parceiros e ONGs.

O abandono é muito comum porque quem tem cadela consegue segurar em casa enquanto está no cio, mas com gatas não é possível. Durante seis meses elas têm um cio a cada 20 ou 30 dias e nos outros seis meses do ano não, mas algumas gatas tem cio o ano todo. A gestação dura 60 dias e a ninhada é de quatro a seis filhotes. Geralmente a gata está amamentando ainda e já pega cria novamente, explica o médico veterinário. Por isso, a única solução para o controle de população de gatos é castrar fêmeas e machos.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que está estudando um modelo de programa de castração felina para abrir licitação. A intenção é utilizar o mesmo molde que já existe no município para cães, voltado à população carente. Segundo o secretário Guilherme Comar Schulz, o programa deve sair ainda este ano.

Enquanto isso, as castrações de gatos ficam a cargo das ONGs ou dos proprietários. Para Magalhães, a ideia de castrar gatos domiciliados já ajudaria muito a longo prazo. O gato é um bicho difícil de ser mantido fechado, então não seria viável manter um gatil, a exemplo do Canil Municipal. A melhor opção para os gatos de rua seria castrá-los e devolvê-los ao habitat em que vivem, porque a maioria já tem acesso à comida de alguma forma, opinou.