Professora de Cianorte ganha prêmio nacional por projeto de inclusão

Iniciativa da educadora Ana Floripes Berbert Gentilin ganhou o primeiro lugar no prêmio Para Todos” de Inclusão Escolar

Arquivo Pessoal
Projeto foi implantado em 2013

A professora Ana Floripes Berbert Gentilin, do Colégio Estadual Iglea Grollman, recebeu reconhecimento nacional pelo projeto Identidade X Preconceito. A ideia foi desenvolver práticas pedagógicas visando quebrar paradigmas e visões deturpadas entre os alunos, na tentativa de acabar com agressões morais e preconceitos em sala de aula. A iniciativa concedeu à professora o 1º lugar do Brasil no Prêmio Para Todos de Inclusão Escolar.

Tudo começou quando, no final de 2013, a escola foi informada de que receberia alunos com Síndrome de Down e Autismo. A partir disto, as professores envolvidas criaram mecanismo de entender os reflexos disto na sala de aula. Foi então que aplicaram uma redação nas turmas, onde os alunos deveriam responder se tinham sofrido alguma espécie de discriminação ou praticado algum ato preconceituoso.

O resultado nos surpreendeu, percebemos que em todas as turmas havia diversidades, sendo a homofobia e o mongolismo [termo para definir preconceito a pessoas com Síndrome de Down] os preconceitos mais evidentes, relembrou a professora responsável pelo projeto.

Ana comentou que para tentar entender a necessidade dos alunos, foram utilizadas práticas pedagógicas embasadas na empatia. Partimos do princípio de incentivar a reflexão, ou seja, aquilo que não quero para mim, não quero para o outro, explicou. Foi então que os educadores do colégio passaram a fazer um resgate histórico sobre o preconceito; a origem dos termos. As atividades envolveram todos os 1,1 mil alunos matriculados, sem exceção, acrescentou a professora.

A REVOLUÇÃO

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Professores foram capacitados

Ela detalhou também que, com a chegada dos alunos ditos especiais, as turmas passaram a conhecer e entender a necessidade de cada um antes de dizer, julgar ou condenar, fossem com síndromes, ou não. Foi um processo ano após ano, como lembrou a professora. A convivência trouxe resultados importantes e lutas históricas. Os demais passaram a entender o porquê do outro agir de tal forma, e a partir disto, tornaram-se compreensivos e aprenderam a respeitar.

Qual o grande X da questão? Quando você passa a entender a dificuldade da pessoa ao lado, você passa entender o porque ela é assim. Sem conhecimento, sem saber quem ela é e porque é, o preconceito surge, há desrespeito, afinal, não há compreensão, emendou Ana. Segundo ela, a realidade atual é outra. Não existe discriminação, segregação. Não existe mais o preconceito em sala de aula.

ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA

Outra avançado conquistado pelo projeto foi a implantação do Capsi (Centro de Apoio Psicossocial Infantil) para atender crianças e adolescentes com transtornos mentais, pois, por meio do projeto, foi possível perceber que sem uma rede de atenção às dificuldades desses alunos específicos, o quadro clínico avançava. É na escola onde os problemas sociais se refletem, onde os alunos transmitem o que sente. A escola tem este poder; ser reflexo da sociedade. Por isso, vejo que o projeto precisa continuar, avaliou a diretora do Colégio, Luciana Mara Tachini Barbosa.

O projeto foi instituído com apoio da professora, diretora na época em que ocorreu a implantação do Identidade x Preconceito, Silvia Vilela de Oliveira Rodrigues, e deve permanecer ativo, como garantiu Luciana. Vamos aplicá-lo junto aos novos alunos, mas sem deixar de lado nosso maior desafio, o de implantar este trabalho em rede, levá-lo para além dos muros da escola, concluiu a diretora atual. O projeto também contou com a colaboração dos demais professores do colégio, funcionários, pedagogos e diretora auxiliar. Mais informações sobre o projeto podem ser acompanhadas pelo site colegioigleagrollman.com.br

Weslle Montanher / Tribuna de Cianorte
Ana Floripes, à direita, com alunos de umas das turmas do projeto