Novas formas de bovinocultura reinventam a pecuária no Noroeste

Programa incentivado por Emater e Faep busca fomento da bovinocultura em pequenas áreas; da cria à comercialização da carne

Divulgação / Faep
Pecuária moderna permite criar até 20 cabeças em apenas um alqueire

Por décadas a região Noroeste foi considerada a maior produtora de carne do Paraná e do País, mas, com a perda da rentabilidade por arroba e a valorização de algumas commodities, a pastagem deu espaço para as tradicionais culturas brancas, como soja e milho, e até mesmo para a cana de açúcar, que se expandiu em inúmeras propriedades regionais.

Com a queda no consumo interno da proteína vermelha, a pecuária passou a ser a última opção de renda para alguns produtores, entretanto, um programa proposto pela Emater, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Sindicatos Rurais e iniciativa privada visa resgatar a atividade como uma fonte lucrativa a partir do desembargue da carne bovina brasileira.

Chamado de pecuária moderna, a ideia do projeto é quebrar os paradigmas de que a bovinocultura não é rentável e só pode ser praticada em grandes áreas produtivas . Entre as apostas, a ação busca incentivar a produção de carne e não restritamente a criação de animais; duas áreas bastante diferentes dentro da pecuária de corte, como explica o zootecnista Luiz Fernando Brondani, do Instituto Emater.

Weslle Montanher
Brondani realiza palestra em Gaúcha

Ás vezes o pecuarista se preocupa apenas com a qualidade e não com a venda. É onde ele deixa de lucrar, destaca Brondani. Segundo ele, dentro da pecuária moderna existe o incentivo à aliança de pecuaristas, ou seja, a formação de cooperativas que possam fomentar o abate e a comercialização da carne. Quando o produtor só cria, ele não aprende a lucrar com a carcaça [proteína vermelha], o que é errado, afirma.

Outro estereótipo que o programa busca romper é o de que, para ter lucro na bovinocultura, é necessário ter uma área de pastagem ampla. Na pecuária moderna, a ideia é criar de 15 a 20 cabeças por alqueire, algo diferente da média estadual, onde são três ou quatro/alq. O mercado mundial está aberto para o Brasil e o pecuarista que souber trabalhar com certeza vai lucrar muito, considera o zootecnista.

Adriana Bittencourt Geraldi, pecuarista e produtora de carne em Cidade Gaúcha, cooperada à Cooper Caiuá, de Umuarama, pratica a pecuária moderna há cerca de 10 anos. Desde que adotou o sistema, ela garante que a lucratividade dobrou. A família de Adriana, tradicional na atividade, mudou o modelo de bovinocultura quando percebeu que era possível ganhar mais, adotando medidas simples, como a comercialização direta da carcaça.

Perdia muita renda na pesagem, hoje não mais, porque a partir da cooperativa, passamos a abater e comercializar de forma integrada. Quando éramos apenas criadores, nosso lucro ficava na porta do frigorífico, hoje ele se estende até a saída ao consumidor final, avalia a pecuarista.

Adriana faz parte de um grupo de 25 pecuaristas da regional Cianorte da Emater que participa dos módulos de introdução e prática à pecuária moderna, no Noroeste. Ao longo de um ano, os produtores acompanharam modelos de cria, venda e até mesmo irrigação de pastagem.

Na quinta-feira (1), o Sindicato Rural de Cidade Gaúcha sediou o encerramento da primeira fase do programa, dividido em 10 módulos, que agora se estende às propriedades dos participantes, onde poderão conhecer na prática os resultados da iniciativa.