Malabaristas e vendedores ganham a vida nos semáforos de Cianorte

Quem trafega pelas principais avenidas de Cianorte pode observar que, ultimamente, os semáforos se tornaram locais de abordagem para venda informal de produtos, malabarismo ou até o pedido de um punhado de moedas. São pessoas que estão fora do mercado de trabalho ou que vivem em situação de vulnerabilidade social ou que optaram por levar a vida nas ruas e tentam sobreviver de alguma forma. Nesta época do ano, em que se comemora o aniversário de Cianorte, o número de pessoas nesta situação aumenta significativamente.

Seja vendendo, mostrando a arte ou simplesmente pedindo dinheiro, várias pessoas estão tentando ganhar a vida nos semáforos da cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, não há uma estatística sobre o números de pessoas que vivem nessa situação na cidade. O que se se sabe sobre a maioria, é que quase todos consideram a Capital do Vestuário uma cidade rica, onde a população sempre ajuda quem precisa e é isso que atrai quem precisa de oportunidades ou só uma ajuda para continuar seguindo.

Quando as pessoas dão dinheiro, eles estão contribuindo para que a situação permaneça. A população tem um papel que reforça a permanência deles nas ruas por conta da ajuda afirma a secretaria de Assistência Social, Marlene Bataglia.

Os malabaristas, por exemplo, chegam de diversas regiões do país ou até mesmo de fora para ganhar a vida apresentando artes circenses nas ruas de Cianorte. É o caso de André Thielke Gonçalves, 25, que veio de Panambi (RS). Ele desembarcou em Cianorte na quinta-feira, 18, e tem gostado da receptividade da população.

As pessoas são educadas, nos cumprimentam e até sorriem às vezes. É um modo de vida que escolhemos, sendo viajantes. Somos uma espécie de peregrinos artísticos afirma Thielke, que espera que o fim de semana seja bom com relação ao retorno financeiro. Estávamos em Maringá, viemos para cá e pretendemos passar por Umuarama na segunda-feira. Não sei. Iremos passar o fim de semana aqui para ver se sairá um dinheiro bom. Somos artistas e dependemos do que a gente faz diz.

O desafio maior para estes artistas é quando a noite chega e, com ela, o frio. Muitas vezes, o dinheiro arrecadado durante o dia não dá para garantir as despesas de uma pousada. Por isso, eles acabam pernoitando nas ruas da cidade.

Somos acostumados a dormir nas marquises ou em barracas. Quando sai um dinheiro bom, dormimos em pousadas. Mas, ultimamente, estamos nas barracas mesmo. O problema maior é o frio conclui.

Durante a entrevista, um dos artistas, que preferiu não se identificar, afirmou que costuma se alimentar na Casa da Sopa, que é financiada pela da prefeitura e conta com o apoio de voluntários ligados ao Centro Espírita Allan Kardec.

INDÍGENAS

Outra cena bastante comum nos semáforos é a venda de artesanatos pelos indígenas. O Ministério Público, aliás, orientou a Secretaria de Assistência Social para que não proíba a comercialização desses produtos, uma vez que a população indígena possui uma legislação específica que dá a eles o direito de manifestar sua cultura.

Acontece que, na maioria das vezes, é possível observar crianças indígenas pedindo dinheiro aos motoristas. Neste caso, a prefeitura disponibiliza uma equipe composta com motoristas e assistentes sociais, que vai até o local para orientar e até mesmo oferecer ajuda.

Quando alguma criança pede em um local público, a equipe de abordagem vai até o ponto e faz as orientações para que não deixem as crianças pedirem. Além disso, fazemos oferta de pouso, alimentação e passagens para que possam retornar ao destino. Porém, na maioria das vezes, eles não aceitam afirma a secretaria de Assistência Social, Marlene Bataglia.

DESABRIGADOS

A Prefeitura de Cianorte realiza um trabalho de abordagem social e atendimento às pessoas em situação de rua. Durante o dia, o almoço é servido na Casa da Sopa. À noite, os desabrigados podem jantar, tomar banho e pernoitar no Centro de Apoio à População em Estado de Rua (Caper), que tem capacidade para atender 50 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. A estrutura ainda conta com psicólogo, enfermeiro e assistente social. O Caper é uma das atividades do Projeto Sou Vivo e conta com ajuda financeira da prefeitura.

A administração pública ainda oferece passagens pra que os andarilhos possam retornar às suas cidades de origem.