Depois de seis anos, médicos são condenados por morte de bebê em Maringá

Seis anos depois da morte de uma bebê em Maringá, no norte do Paraná, a Justiça condenou dois médicos por homicídio culposo. Conforme a decisão, os profissionais não prestaram atendimento adequado a uma bebê de dez meses que estava com pneumonia.

A morte foi em 2013, mas até hoje, a dor da perda continua imensa.

Quando fomos chamados na UTI, para ver o corpo da Alhandra, ele estava coberto com lençol branco. Tirei o lençol do corpo dela e falei para ela, ‘filha, vou provar o que fizeram com você, nem que seja a última coisa que faça na minha vida, não por vingança, mas por justiça’, contou a mãe Andreza Ferreira.

Em busca de justiça, Andreza e o marido Fernando entraram com uma ação contra os médicos que atenderam a filha Alhandra, que morreu em abril de 2013. A menininha, que tinha 10 meses, teve como principal causa de morte uma pneumonia. A doença se agravou mesmo depois de ser atendida na Unidade Pronto Atendimento Zona Norte, em Maringá.

Segundo os pais, a filha foi levada até a UPA com febre, vômito e diarreia em um fim de tarde, passou a noite em observação, mas não recebeu a atenção e medicamentos necessários do médico de plantão.

Só depois de passar um dia inteiro na UPA é que a menina foi transferida para o hospital municipal. Quando chegou na instituição, os médicos viram que a situação da bebê era muito grave e a transferiram para o Hospital Universitário. Lá, foi internada na UTI, mas no dia seguinte acabou morrendo.

Logo depois da morte da filha, os pais entraram na justiça contra os médicos Evandro Luiz Felipe e Fabiana da Silva Saenger. Os dois foram condenados por homicídio culposo, quando não intenção de matar.

Na sentença, o juiz Claudio Camargo, diz que não há dúvidas de que houve negligência no atendimento médico, e que houve alteração na medicação, bem como deixaram de ser realizados exames. Isso, contribuiu para evolução do quadro clínico da bebê, que culminou na sua morte, configurando homicídio culposo.

Em outro trecho, o juiz diz que os médicos integrantes da equipe do Hospital Universitário, que fizeram o último atendimento de Alhandra, foram uníssonos em afirmar que o fato do bebê ter sido encaminhado primeiro ao hospital municipal e de não ter sido reconhecida a gravidade do seu estado, pode ter contribuído para o óbito.

A pena dada aos dois médicos da rede pública foi de um ano e 6 meses de prisão. Os dois vão poder cumprir a pena em liberdade.

Hoje estou aliviada, porque cumpri a promessa que fiz pra minha filha. Tenho certeza que através disso, a gente vai poder salvar a vida de outras crianças, desabafou emocionada, Andreza Ferreira.

A defesa dos médicos disse que ainda não foi intimada da decisão e que a sentença não é definitiva. Possivelmente, os médicos vão recorrer da decisão.