Delegacia da Mulher de Cianorte recebe em média duas denúncias por dia

Desde 1° de julho de 2016, a Delegacia da Mulher de Cianorte atende ocorrências de seis cidades e dois distritos da região noroeste. A unidade é voltada ao atendimento especializado para mulheres vítimas de violência doméstica e também engloba os casos direcionados ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria). Em um ano de atividades, mais de 500 boletins de ocorrência (BOs) foram registrados e cerca de 150 inquéritos seguem em andamento.

De acordo com a delegada responsável, Gabrielle Berwig Amaral, a delegacia registra, em média, dois boletins de ocorrência por dia e executa dois flagrantes de violência doméstica por semana. As vítimas podem ir pessoalmente até a Delegacia da Mulher ou até a 21ª Subdivisão para registrar BO ou ligar para a Polícia Militar pelo 190, que, em casos de flagrante, efetua prisão e encaminha o agressor para a cadeia.

PROCEDIMENTOS

As vítimas que registram BO na Delegacia da Mulher podem usufruir de medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha, para impedir uma nova agressão. Segundo a delegada, elas podem determinar que o agressor se mantenha afastado da casa ou mantenha distância da mulher, por exemplo. Se houver descumprimento da medida, a vítima pode registrar um novo BO, de descumprimento de ordem judicial, que pode acarretar em uma detenção.

A delegada Gabrielle observa que a Delegacia da Mulher transmite mais confiança às vítimas para denunciar. Por ser uma delegacia especializada, com a maioria de mulheres no atendimento e que não tem presos, as mulheres se sentem mais acolhidas aqui, afirma.

A parte social da Lei Maria da Penha é extremamente importante. Muitas vezes a mulher se sente culpada pela agressão e não sabe como agir ou é dependente financeiramente do agressor e precisa continuar convivendo com ele, explica Gabrielle.

Dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) apontam que mais de 80% dos casos de violência contra a mulher são cometidos por homens com quem as vítimas têm ou já tiveram algum vínculo afetivo.

Em Cianorte, a maioria dos casos de agressão ocorre nos finais de semana, em períodos de calor e relacionados ao uso de álcool ou drogas, de acordo com a delegada. Como não há plantão na Delegacia da Mulher, nesses casos as vítimas podem ligar para o 190 ou registrar BO na 21ª Subdivisão.

CASO MAIS GRAVE

Em um ano de atividades, o caso mais grave atendido pela unidade de Cianorte foi o feminicídio que ocorreu em julho de 2016, quando um jovem de 21 anos matou a ex-namorada a facadas, durante uma festa. O jovem foi preso dias depois e continua cumprindo pena em Cruzeiro do Oeste. Segundo a delegada Gabrielle, outros casos notórios ainda estão sendo investigados pela Polícia Civil. 

A Delegacia da Mulher de Cianorte organizou uma Cartilha da Mulher, que traz todas as informações sobre violência doméstica. As orientações estão disponíveis na unidade local, que também atende ocorrências de São Tomé, São Manoel do Paraná, Indianópolis, Japurá e Jussara, além dos distritos de Vidigal e São Lourenço.

LEI MARIA DA PENHA

A Lei Maria da Penha foi criada em 2006 para defender as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Antes da lei, os agressores não podiam ser presos em flagrante, por exemplo. 11 anos depois, a delegada Gabrielle acredita que o empoderamento feminino tem influenciado as mulheres a terem coragem para denunciar. Nossa sociedade tem mudado bastante e as mulheres têm tomado consciência de seu papel, o que ocasiona independência e empoderamento e faz com que as mulheres tenham coragem de denunciar, afirma.

COMO DENUNCIAR

Para casos de violência contra a mulher, ligue para o disque denúncia pelo 181, Polícia Militar pelo 190, Polícia Civil pelo 197 ou 180. Se você foi vítima de agressão, vá até a Delegacia da Mulher ou a 21ª SDP e leve seus documentos pessoais.

SERVIÇO

Delegacia da Mulher – Cianorte
Rua Abolição, 538
Horário de atendimento:
Segunda a sexta-feira
8h às 12h / 13h30 – 18h
Telefone: (44) 3631-2169

21ª Subdivisão Policial de Cianorte
Telefone: (44) 3637-5300

Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria)

Segundo a delegada Gabrielle Amaral, os principais casos atendidos pelo Nucria são de maus tratos, lesão corporal e estupro de vulnerável. A delegacia recebe denúncias anônimas pelo telefone 181, encaminhamentos do Conselho Tutelar e também denúncias de membros da família que desconfiam das agressões ou abusos.

O grande problema dos crimes sexuais com crianças é que não há testemunhas e muitas vezes os crimes acontecem dentro de casa e mexem com a família, observa Gabrielle. O estupro de vulnerável, por exemplo, não é só o ato sexual em si. Um ato libidinoso como passar a mão também é classificado como estupro, explica.   

Um dos casos mais marcantes para a delegada foi divulgado recentemente. Os pais de uma bebê de dois meses foram indiciados por maus tratos que teriam levado a criança à morte, em março deste ano.