Contra MP do Ensino Médio, alunos ocupam dois colégios em Maringá

Um grupo de estudantes do ensino médio ocupa, desde a manhã de ontem, as dependências do Colégio Estadual Brasílio Itiberê, na Zona 2, em Maringá. Os alunos dizem que a ocupação foi motivada pela reforma do ensino médio, anunciada há duas semanas pelo governo Michel Temer, e pedem a anulação da medida provisória (MP), em análise no Congresso.

Os alunos tiveram aula até 10 horas, quando seguiram até a Praça Raposo Tavares e depois para o colégio. À tarde, cem estudantes permaneciam na escola, com o portão trancado. Eles não permitiram a entrada da reportagem, alegando que a escola pertence a eles. Uma aluna, na calçada do colégio, disse que os estudantes estavam “curtindo um som e jogando bola”.

O Núcleo Regional de Educação de Maringá informou que registrou um boletim de ocorrência na delegacia e notificou entidades de proteção aos adolescentes pela presença de menores de idade no local. Uma comissão do Núcleo foi até a instituição conversar com os estudantes.

Segundo a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), a ocupação é realizada em mais cinco escolas no Estado: quatro em São José dos Pinhais e uma em Curitiba. “Queremos a retirada da medida provisória, que tira obrigatoriedade de matérias e do professor ser licenciado”, diz o vice-presidente da entidade, Marcelo Miranda. “A medida não teve debate e ninguém viu qual reforma os estudantes querem.”

A chefe do Núcleo Regional de Educação de Maringá, Maria Inês Teixeira Barbosa, mostrou preocupação. “Quem fica prejudicado é quem precisa da escola e, por mais que o aluno não interrompa os estudos, a oportunidade que deixou de estudar um pouco vai fazer muita falta.”

O grupo promete organizar atividades e promover debates enquanto durar a ocupação. Segundo lideranças do movimento, a merenda da escola ficará intacta. “Vamos usar gás, água e luz, mas depois ressarcir”, diz Francielle Santos, aluna do ensino médio.

O principal ponto do novo modelo de ensino médio anunciado pelo governo é a flexibilização do currículo. Hoje, os alunos cursam 13 disciplinas obrigatórias nos três anos, e a proposta prevê que só parte da grade terá conteúdos comuns a todos; depois, o aluno poderá se aprofundar em linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza ou ensino técnico.

O governo do Paraná informou que não fará mudanças sem consultar a comunidade. No dia 13, serão realizados seminários sobre o tema nas 32 regionais.