Trabalho, empreendedorismo e inclusão Social
André Naves (*)
Um dos principais estereótipos que existem sobre as favelas é o de que elas são locais de carência, de pobreza e de falta de oportunidades. No entanto, um estudo recente realizado pela Fundação Dom Cabral e pela Central Única das Favelas (CUFA) vem mostrando que essa ideia está longe de ser verdadeira. A pesquisa, que abordou o empreendedorismo nas favelas, revelou que esses locais são, na verdade, potências econômicas e sociais.
Segundo a pesquisa, cerca de 41% dos moradores das favelas têm algum tipo de negócio próprio, o que representa uma parcela significativa da população. Além disso, esses empreendedores têm um papel importante na economia local, gerando empregos, movimentando a circulação de dinheiro e fomentando a inovação e a criatividade.
Mas não é apenas na economia que o empreendedorismo nas favelas se mostra importante. Ele também tem um impacto significativo na vida das pessoas que moram nessas comunidades. Ao empreender, esses indivíduos podem se libertar da dependência de programas sociais e conquistar a autonomia financeira, além de ganhar autoestima e autoconfiança. Nesta jornada, enfrentam uma série de obstáculos a fim de alcançarem sua plena potencialidade. Mas não são os únicos. Pessoas com deficiência também são frequentemente impedidas de exercer suas capacidades devido às barreiras impostas pelas estruturas sociais.
A deficiência, vale lembrar, não é uma característica da pessoa, mas sim das estruturas sociais que a impedem de participar plenamente da sociedade. Estudo recente do IBGE sobre “Deficiência e Mercado de Trabalho” apontou que pessoas com diversidade funcional são frequentemente vítimas de preconceitos e de obstáculos atitudinais, o que as impede de exercer posições de liderança e protagonismo. A inclusão, portanto, é fundamental para que essas pessoas possam exercer todo o seu potencial. Não se trata apenas de ter uma equipe diversa, mas sim de acolher e valorizar as individualidades, permitindo que cada pessoa possa contribuir com sua própria perspectiva e habilidades. Ou seja, emancipação das individualidades e inclusão de pessoas com diversidade funcional não são apenas questões de justiça social, mas também têm impacto significativo no desenvolvimento econômico e social.
Quando todas as pessoas têm a oportunidade de exercer seu potencial, a criatividade e a inovação podem florescer, gerando novas ideias, negócios e oportunidades. Além disso, a inclusão contribui para a construção de estruturas sociais mais justas, que beneficiam toda a sociedade. Quando pessoas de características diversas interagem e trabalham juntas, podem trazer novas perspectivas e soluções para os desafios que enfrentamos.
É fundamental reconhecer, portanto, a importância do trabalho e do empreendedorismo para todas as individualidades que enfrentam barreiras à sua inclusão social. Eles são as principais ferramentas para a construção de uma sociedade inclusiva e justa.
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.