REFLEXÕES, TÃO SOMENTE!

Izaura Aparecida Tomaroli Varella

É chegada a hora de me desfazer de meus sonhos pequenos, eis que pequenos são os resultados. Descarto me enfiar por entre as folhas, inocente e esperar que o Sol venha buscar as flores. Quero ser uma explosão de manacás no começo da estação invernosa e deslumbrar os olhares com minhas cores reluzentes e escandalosas no brilho de toda amanhã!

Nem quero mais me aconchegar no edredom macio, porque o frio não mais me sustenta, o calor me acolhe e me lança ao rumo da claridade da vida. Enterro minhas lembranças ásperas na pele da nova estação que avança. Ao envelhecer, ainda brilha nos meus olhos a expectativa de ser eterna. Pretensão? Arrogância? Desafio? Sim! Eu desafio o tempo para conter as lágrimas que sempre fluíram, ao lado do amado, na distância dos filhos, netos e família, que o tempo me brindou. Desafio sim, quem queira pensar que um dia tudo se findará, consequência da materialidade da existência, para mim, curta demais, eis que quando se está plena das dores, das alegrias e das experiências, a vida flui, definitivamente, pelos meandros do “nunca mais” e do “para sempre”.

Desafio que a ternura que cultivo em minha alma se acabe. No passar dos séculos serei mais uma no calendário dos que se foram, mas, a ternura tomará conta dos meus descendentes e os acompanhará. Não cheguei até aqui para ser mais um dia no calendário e nunca mudar de estação. A estação invernosa não me alcançará, eis que me recuso Sol da alvorada me sustenta e me ilumina.

Afinal, não cheguei até aqui para não deixar nada!

Meu espírito vai pairar sobre os campos de azaléias, sobre as jabuticabeiras, sobre a ramagem dos manacás para sempre!

Izaura Aparecida Tomaroli Varella

Cidadã do Tempo