Precisamos falar sobre ansiedade

 

Saulo Barbosa*

A ansiedade e os transtornos de ansiedade são um conjunto de doenças psiquiátricas marcadas pela preocupação excessiva ou constante de que algo negativo vai acontecer. Em especial, durante as crises de ansiedade, as pessoas não conseguem se ater ao presente e sentem uma grande tensão – às vezes sem um motivo aparente. Esse problema pode manifestar sintomas físicos também, como sudorese e arritmia cardíaca. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 264 milhões de indivíduos vivem com transtornos de ansiedade no planeta.

Historicamente, a primeira descrição de ansiedade foi feita no início do século XIX e classificada como uma disfunção da atividade mental. Ao longo dos anos, a medicina foi reclassificando o termo, procurando entender melhor esta doença. No entanto, somente através dos trabalhos clínicos desenvolvidos pelo neurologista Sigmund Freud – mentor da Psicanálise – que os transtornos de ansiedade começaram a ser classificados de forma mais sistemática.

As oportunidades que se apresentam todos os dias diante de nós podem ser inalcançáveis para o ansioso. No Brasil, eles atingem 9,3% da população, o que faz nosso país estar no topo do ranking em uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP), em 2021. Tal pesquisa também apontou que, em uma lista de onze países, o Brasil é o que tem mais casos de trabalhadores com problemas de saúde mental. Na realidade, os dias parecem todos iguais e raramente deixam alguma lembrança que dure para quem sofre de ansiedade. A grande questão, no entanto, é: como sair disso?

Encontramos várias dicas na internet que podem se tornar importantes aliadas dos ansiosos, como, por exemplo, fazer atividades físicas. Na prática, esta é uma das sugestões mais comuns para controlar a ansiedade, bem como a organização da rotina, a higiene do sono e exercícios de presença.

Sabemos, entretanto, que o ansioso deve constantemente se lembrar que “felicidade é estar fazendo exatamente o que deveria, se a morte me encontrar.” Quem caminha para esse “lugar” não tem o que temer pois, ao final, o que importa mesmo é chegar lá. Que tenhamos esperança e nos dediquemos para, um dia, alcançar essa felicidade.

Na verdade, do ponto de vista psicológico, quando o paciente entende isso, sua ansiedade vai embora. Não podemos perder de vista que fomos criados pensando que a felicidade chegaria sempre depois de algo material: faculdade, trabalho, casamentos, filhos. Mas não funciona assim.

A felicidade se encontra na frente das pessoas, sem que elas percebam: em pequenas tarefas que devemos executar com a certeza de que, acontecendo ou não, cumprimos seu papel, sendo protagonistas da nossa própria história.

*Saulo Barbosa é médico psiquiatra formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro com residência médica em psiquiatria pelo IPUB-RJ. Atende pacientes presencialmente em Minas Gerais, e on-line em todo Brasil e exterior.