Para que serve um chapéu?

Izaura Aparecida Tomaroli Varella

Acompanhei dias atrás uma troca de opiniões sobre o uso do chapéu durante a celebração de atos públicos em recintos públicos, e, em especial onde se discute leis em nome e em favor da população. Afinal, qual a utilidade de um chapéu? Claro, sua utilidade está diretamente ligada ao momento em que o chapéu é usado. Na verdade, o chapéu deriva do vocábulo “Capellus”, “Cappa”, que quer dizer: ‘proteção em tecido para a cabeça’. Já foi um item importante do vestuário, cuja função é proteger o indivíduo das condições climáticas, sol, frio, do efeito nocivo da radiação solar. Já fez muito sucesso na cabeça de mulheres nas décadas de 1.920 a 1.940, como acessório de beleza e pouco a pouco deixou de ser “moda” e ficou brega. Tanto para o uso masculino como feminino.

Mas, a Rainha Elizabeth da Inglaterra usa em todas as ocasiões em que aparece em público! Claro, é a característica da realeza, porque o seu cargo tem alto valor simbólico para seu povo, mas, não é uma marca da Rainha, e neste caso um símbolo da nobreza que atravessa séculos na Inglaterra, é a marca da história de um povo soberano, monárquico e respeitoso com seus símbolos!

E hoje? Os religiosos como o Papa, Cardeais, Bispos usam a Mitra, que é uma importante distinção que desde o século XVIII passou a ser usada na liturgia na Igreja. Usada em momentos de Liturgia, de respeito aos conceitos cristãos, representando a autoridade do Deus Vivo que invoca o Espírito Santo para seus fiéis! Também o uso da Mitra é considerado um capacete de defesa que torna o prelado terrível aos adversários da verdade. São simbolismos históricos que impõe respeito aos fiéis e não há sequer um cristão, por mais ignorante que seja em relação ao conhecimento da Verdade que entre numa Igreja de chapéu! Esta cobertura na cabeça masculina é sinal de desrespeito à Liturgia da Igreja! E os costumes já fizeram as mulheres cobrir a cabeça com véus preto e branco ao receber o Sacramento da Eucaristia, hoje em desuso.

As cerimônias exigem vestimenta adequada. Vamos para um casamento de amigos, com festa… A cerimônia exige compostura no vestir. Não se pega o chinelo de dedo e uma bermuda e uma camiseta sem manga e se vai num casamento… Futilidade tocar neste assunto? Mas, isto é uma convenção social que torna o ambiente agradável para todos. O interesse dos demais se sobrepõe. Agindo assim, a pessoa descompõe o ambiente, desrespeita a tradição.

A mesma regra serve para os ambientes fechados dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Sempre se espera de alguém que representa o povo e tem alto valor simbólico que ele cumpra suas funções, discursando, se vestindo, falando ao público que lidera, que foi eleito pelo povo, que tenha e cumpra a Liturgia do cargo que ocupa. O uso insistente e teimoso do chapéu nestas ocasiões significa que se quer marcar a sua presença; a pessoa quer ser lembrada pelo uso do chapéu, e assim ficaria mais fácil ser reeleito nas próximas eleições. Meramente, vaidade, projeção e afirmação pessoal. Como reagiria a população se as mulheres que ocupam cargos públicos comparecessem às sessões vestidas de shorts curtinhos e com um “top” decotado? Se o regimento interno não fala sobre isto há que se ater aos costumes tradicionais. E os demais que ficam calados são coniventes. Seja qual for o cargo, este cargo tem alto valor simbólico e o líder sempre deve servir de exemplo, pela compostura, pela tolerância e pelo respeito, essencial ao exercício do cargo. Ter compostura não significa limitar o direito de ir e vir e de expressar. A maioria dos parlamentos mundiais recomenda o uso do traje formal e discreto e se exige formalidade na conduta de quem está lá para nos representar e nos servir.

Saudades do tempo em que um homem educado, respeitosamente, retirava o chapéu para entrar em nossa casa.

Izaura Aparecida Tomaroli Varella

Advogada e Cidadã Cianortense

Em abril de 2022