Mês de Julho de 2022

Ano de 2.022, quem diria, eim… E lá se perdeu no passado os esforços imensos que foram feitos para construir esta cidade que dia 26 próximo chegará aos 69 anos! Sadia, limpa, cheia de vida e com a perspectiva de se engrandecer ainda mais ao longo dos anos que virão. Cianorte não foi construída para ser uma vila perdida no mapa; ela teve a mãe conservadora e inteligente que a planejou e nos primeiros anos a ajudou a dar os primeiros passos. A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná foi o ventre generoso que pariu, a princípio, um pequeno povoado, e ao longo dos anos foi-se construindo com a participação inestimável daqueles pioneiros que vinham em abundância para cá, todos os dias. Os caminhões de mudança chegavam e a rústica mobília ia sendo colocado nas datas abertas, debaixo cabanas, com a madeira ainda fumegando, até que encontrassem um campo certo para morar definitivamente. Uns ficaram, nasceram, cresceram, se multiplicaram, outros na busca de sonhos quase impossíveis foram embora; uns, rumo ao Mato Grosso que se dividia com o Mato Grosso do Sul, lá para as bandas do oeste brasileiro; outros avançaram o sinal e se embutiram na mata e se lançaram para os lados de Umuarama e outras cidades que nasciam. A região se auto povoava. Gaúchos, mineiros, nordestinos, paranaenses do sul, paulistas abriram a mata com o ardor de quem quer crescer. Era assim a regra: povoar. A Companhia desejava vender suas terras, e também trazia o conceito da “garden city” inglesa. Não queria deixar as cidades nuas, mas embelezadas pelos imensos ipês de hoje para que o verde não fosse embora. O Cinturão Verde não tem autor, veio da filosofia da própria Companhia absorvida pelos primeiros prefeitos que buscaram preservar o verde ao redor da cidade. A história disto tudo é longa. Não se aplaude o mérito de um prefeito, sem aplaudir o mérito do outro.

Somos jovens. O interessante é saber que o Norte Novíssimo ainda não tem cidades fundadas pela Companhia que já fizeram cem anos e por aí, se esperam muitos anos ainda. Diante da história da humanidade somos absolutamente jovens! Ainda há tempo para tudo.

A cidade que construímos com os esforços inimagináveis dos pioneiros está aí pronta para ser amada. É só querer! A Oposição pura e simples, com a intenção de ser lembrado ficou no passado e esquecida. Hoje nos lembramos daqueles que não pensaram em si, mas, na comunidade que nascia e no anonimato, sem vaidade colaboraram com a construção da história e foram cúmplices do progresso.

A Praça 26 de Julho deixou de ser a banca onde se vendia a caça recolhida nas redondezas, a velha igrejinha de madeira, amarela, foi mandada para o outro lado da cidade e a esconderam no azul desbotado e virada de costas para a cidade, o alto falante da praça desapareceu; anunciava falecimentos, momentos sociais, noticias que aqui chegavam sempre à tarde, na hora do Ângelus; e quando ele funcionava fora do horário o povoado todo ficava à escuta, alguém morreu, ou outro aviso de muita importância parava o comércio pequeno e todos atentos, ouviam; a Praça 26 de Julho deixou de ser ponto de partida e chegada das viagens, quando a simples rodoviária de madeira acolhia quem chegava e quem saía. A Praça 26 de Julho não tem mais aqueles bancos de granito escrito “Casa Dias” e Casas Pernambucanas", deixou de ser encontro de namorados à distância, sempre na saída da celebração da Missa, celebrada pelo primeiro Padre Luiz Mark; não tem mais nenhum corretor praça para vender lotes de terra e datas abertas. Nem vejo mais hasteada a Bandeira do Brasil que tremulava em cada acontecimento histórico da cidade…

Tudo muda mesmo! Até eu mudei. Virei uma pioneira chorona que quer trazer de volta a máquina do tempo!

Izaura Varella – Pioneira