Como a gamificação tornou-se estratégia People First na Era Digital
*Por Rubiana Cruz
A evolução da tecnologia exigiu que as empresas buscassem novas formas de se diferenciar no mercado. E a inovação não se restringe aos produtos e serviços. Ela também está atrelada a soluções para simplificar e dinamizar os processos internos e a gestão de pessoas. Essa realidade foi ampliada pela pandemia, que gerou mudanças nas relações de trabalho e criou um perfil de profissional mais alinhado a ambientes que priorizam as pessoas, o People First.
Nesse contexto, a gamificação ganhou espaço e deixou de ser somente uma tendência para se tornar estratégia de negócio. Hoje, 70% das empresas em todo o mundo empregam ações que unem o universo dos games ao mercado de trabalho, segundo a Gartner. E a expectativa é de que o faturamento do setor ultrapasse $22 bilhões de dólares até 2022 (dados da P&S Market Research).
O conceito consiste em aplicar fundamentos dos jogos em outras situações, a fim de gerar os mesmos estímulos: criatividade, resolução de problemas, pensamento estratégico, cooperação, espírito de equipe, entre outros. São elementos valiosos para o mundo corporativo, promovendo o engajamento e integração de colaboradores e facilitando o aprendizado de novas habilidades. Unir diversão e trabalho resulta em uma maneira mais soft de falar de assuntos importantes, de forma a mudar a absorção.
O termo “gamificação” surgiu do crescimento do mercado de programação e desenvolvimento de softwares, então rapidamente o associamos a startups, empresas que ajudaram a reinventar a economia, com ambientes de trabalho mais descolados e diversos. Por isso também que uma das iniciativas mais praticadas no mercado são os hackathons, ou “maratonas de programação”, em que profissionais de tecnologia criam aplicações em curtos períodos, concorrendo a premiações.
Assim que foi notada como diferencial da nova era econômica, a gamificação foi absorvida também por empresas tradicionais dos mais variados portes e setores – imobiliário, financeiro, industrial, entre outros -, e passou a ser empregada em outras áreas, como onboarding de colaboradores, treinamentos de novos sistemas, projetos de marketing para lançamento de novos produtos, entre outros.
“Gamificar” é especialmente relevante neste momento, pois lidamos com diferentes perfis de profissionais e uma geração que tende a aprender por métodos não tradicionais. Entre seus principais benefícios estão a promoção da integração e aproximação dos times com as lideranças, em um processo mais transparente e humanizado. Implementar esse conceito lúdico para otimizar processos e a cultura organizacional só tende a render bons frutos para os negócios nos próximos anos.
Embora a gamificação tenha inúmeras vantagens, é importante ressaltar que seus conceitos devem estar atrelados à cultura da organização, em sinergia com suas práticas. Caso contrário, há o risco de a ação não surtir o efeito esperado. Deste modo, é essencial o monitoramento constante e próximo dos impactos dessa estratégia na rotina das empresas, com ajuda de dados, visando sempre aprimorá-la e adaptá-la às novas realidades que a transformação digital nos reserva.
*Rubiana Cruz é formada em Psicologia com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Coach pela SBC. Atua como Consultora da área de Gestão de Pessoas da Guiando