Certa vez em Cuba

 

A decadência do socialismo está definitivamente implantada em Cuba. Está no fim… Havana parece uma cidade em abandono, completamente envelhecida, sucateada, sem nenhuma restauração em seus prédios históricos que margeiam o Mar do Caribe. Velhos casarões continuam em pé com as roupas penduradas do lado de fora, por caridade do tempo, bem ao lado do palácio ‘del Govierno’ cubano, no centro da cidade. Mulheres, disfarçadamente, empurram crianças para pedir uma moeda e se desculpam depois. O melhor hotel de Havana sequer tem um vaso de flor para dar um pouco de alegria ao ambiente. Carros tão velhos, que procedem do século passado, circulam pelas avenidas, que se bem conservadas seriam parte de uma cidade prazerosa, hospitaleira e maravilhosa. É comum encontrar carcaças de carros pelos cantos e os cubanos são ótimos na arte de consertar motores e carros velhos. Só existem carros novos para transporte de turistas, e é lógico, para passageiros oficiais que fazem parte da mais cruel ditadura implantada na ilha. Fidel sobrevive, hoje com mais de 80 anos, quando, há mais de 50 anos foi o responsável pela “vitória de la revolucion”. A promessa do jovem ditador era tornar o país igual para todos. Com a ajuda da Rússia até a década passada, ainda conseguia dar cestas básicas para todos os cubanos e pagar salário de 18 dólares para os médicos. Quando a Rússia afastou sua cooperação, o país socialista descobriu que não tornou seu povo igual na riqueza, mas conseguiu tornar o seu povo igual na pobreza.

Entretanto, a riqueza principal de Cuba está em seu povo, que acostumado ao silêncio e acostumado a sujeitar-se ao governo ditatorial que controla a vida do cidadão, a ponto de não permitir o uso de internet na ilha, em pleno mundo digital, repousa da solidariedade. Não há povo mais solidário que o povo cubano. Por onde andamos, nunca encontramos pessoas tão cooperativas, dispostas a repartir tudo o que tem com o outro. Andando a pé, um carro velho parou oferecendo carona, eis que lá ainda se pode confiar nas pessoas. Quando num pequeno comércio demos uma nota de cem dólares para pagar por algumas escovas de dente e pastas de dentes e mais alguma coisa, o olho da vendedora arregalou e saiu com a nota para dentro, pedindo para alguém autorização para aceitá-la, anotando o número da cédula, nosso nome, nosso destino, nosso passaporte, e para quem estávamos fazendo aquela compra enorme…
Quando a cubana blogueira Yoani Sánchez esteve no Brasil e, alguns castristas de plantão e em extinção, sob o comando oculto de não sei quem, a receberam com a maior falta de educação, querendo vetar o direito à expressão da jornalista. Repetiram aqui o que é comum em Cuba: em nome de um governo falido quiseram proibir a fala da blogueira, que é reconhecida internacionalmente, pelos seus ideais de liberdade do povo cubano. Escrever o que estou escrevendo aqui é impossível em Cuba e graças a Deus estamos no Brasil onde a liberdade de expressão é fato consumado. E em nome desta liberdade de expressão que temos no Brasil, os contrários podem se manifestar à vontade, até ofendendo quem nos visita. Yoani, sem recursos financeiros, pois em Cuba todos são pobres, menos alguns privilegiados viaja com dinheiro arrecadado entre os amigos blogueiros que fez pelo mundo e conquistou às escuras, clandestinamente, em seu país, pois lá também é proibido navegar pela internet.

Porém, estou amedrontada, pois, receio que o regime socialista se instale no meu amado Brasil. Só vamos ter liberdade para ouvir e obedecer se tal fato acontecer. E pobre ficará aquele que tem propriedades, pois, todo bem material será do governo. As igrejas podem dizer adeus à liberdade e a tal Teologia da Libertação contribuirá para que fiquemos para sempre encurralados…
Deus salve nosso Brasil!
Izaura Aparecida Tomaroli Varella