As novas propostas para C-Level após a pandemia

Por Thiago Gaudencio, coordenador do Comitê de Desenvolvimento de Lideranças do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (IBEF-PR)

As empresas mudaram a forma de trabalho nos últimos anos. Ambiente mais descontraídos e flexíveis atraíram muitos trabalhadores que se viam presos às amarras do trabalho tradicional. E os cargos de C-Level foram os mais impactados com essas atualizações nos modelos de atuação e contratação.

Com a chegada da pandemia de Covid-19, as mudanças foram aceleradas ao migrar grande parte dos escritórios para o modelo home office. Isso fez com que disparasse o crescimento de empresas digitais, que não dependem de presencialidade para funcionar. Dentre os principais movimentos que aconteceram neste cenário, é importante destacar a remuneração e incentivos ou benefícios concedidos aos colaboradores. A remuneração não é mais vista como valorização do profissional, por isso é importante oferecer incentivos e recompensas que venham em outros formatos. Flexibilidade se tornou a palavra-chave para que o colaborador se sinta valorizado pela empresa. Hoje é comum encontrar pacotes de benefícios personalizáveis, ou seja, o executivo tem liberdade para escolher benefícios que lhe interessam. O auxílio creche, por exemplo, pode agradar alguns funcionários que dependem do serviço, enquanto para outros seria inútil.

Além disso, é interessante que a empresa recompense o colaborador pela sua produtividade, nesse ponto entra a renda variável, que está se tornando cada vez mais comum para executivos, e atraído muitos candidatos para vagas com esse diferencial. Um estudo de remuneração para cargos C-level, elaborado pela Page Executive em 2022, mostrou que a remuneração fixa ainda corresponde pela maior parte do salário anual dos executivos, ainda respondendo por 88,3% da remuneração anual total dos entrevistados.

Para as novas gerações, millennials e gen Z, a remuneração não é mais a forma essencial de valorização do seu trabalho. Cada vez mais outros fatores como a qualidade do ambiente e entrosamento da equipe são levados em consideração. Hoje a figura do líder “imponente e duro” não existe mais, as soft skills são mais valorizadas nessas posições, principalmente flexibilidade e humildade.

É importante que o executivo de hoje saiba conectar os colaboradores com o propósito da empresa, para que tenham um objetivo em conjunto. A relação entre funcionário e empregador também passa a ser uma troca mútua, visto que os interesses e objetivos são compartilhados entre as partes.

Outro ponto importante é que após a pandemia, executivos que saibam lidar com a instabilidade do mercado e manter a liderança com as características citadas, começaram a ser muito valorizados. É interessante para as companhias contar com uma pessoa que consiga tomar decisões assertivas, com rapidez e que saiba arriscar sem tirar o pé do chão.

A perspectiva é que os executivos procurem por cargos que se enquadrem nos seus objetivos e estejam alinhados com a sua forma de ver o mundo, por isso as empresas tendem a se tornar mais flexíveis em relação aos benefícios e recompensas, para que possam continuar competitivas na contratação de lideranças executivas. Além de investirem mais em sua propaganda interna, incluindo o colaborador nos seus objetivos e pilares.