A República devastada pelos lobos vorazes do Centrão e outras considerações
Por Júlio César Cardoso
Está na mídia: Centrão quer mais espaço no governo Bolsonaro e já mira o MEC e Petrobras. Os lobos vorazes continuam dando as cartas na República. Não tem jeito de perspectivas de mudança. O tecido podre de nossa política é o mesmo. E aquele que enganou o país ao afirmar que iria combater a corrupção naufragou ao procurar o Centrão como refúgio de governabilidade.
Os partidos políticos deveriam limitar a sua área de atuação apenas no Parlamento para que os seus políticos desempenhassem cabalmente as obrigações de mandatos. Por sua vez, o apoio de partido a qualquer candidato ao Executivo ou a sua adesão a medidas governamentais não pode ficar condicionado ao recebimento de cargos. Esse modus operandi de troca de favores — o consagrado e vergonhoso fisiologismo do toma lá, dá cá — tem contribuído muito para denegrir a imagem política perante a sociedade.
Há muito tempo temos um Congresso transformado em refúgio de elementos espertalhões, incapazes de ganhar a vida na iniciativa privada — com raras exceções —, que buscam a política para defender os mais diferentes interesses.
Trata-se de Congresso de políticos gazeteiros, fisiologistas e indecorosos, que só procuram o eleitor em época de eleição. Congresso que protege políticos corruptos, não fiscaliza o Executivo, não defende a sociedade e deixa de cumprir as suas obrigações constitucionais. Congresso, enfim, mais preocupado com a eleição e reeleição de seus políticos “profissionais”.
Pagamos o ônus de viver num país destruído por maus políticos. País de políticos e governos que não priorizam recursos destinados às áreas de educação, saúde, segurança, habitação, saneamento básico de cidades onde o esgoto ainda corre a céu aberto, com mais de 12 milhões de pessoas desempregadas e endividadas, enquanto políticos pilham, esbulham, roubam, saqueiam o Erário, escondendo o dinheiro dos contribuintes em malas, meias, cuecas, em pastas, envelopes e tudo adredemente planejado de forma descarada.
A renovação do Congresso não tem alterado o perfil da corrupção política nacional. As velhas práticas políticas continuam sendo operadas.
Muitos políticos e outros incautos por razões diversas defendem a obrigação do voto. Mas o voto não deveria ser obrigatório em nossa democracia. Mesmo porque está provado que o voto obrigatório não seleciona o bom político nem o governante.
Se no Brasil fosse implantado o voto facultativo, o voto de disposição voluntária de vontade, certamente o perfil de candidatos eleitos seria melhor e muitos muquiranas não seriam eleitos e reeleitos.
Mesmo que você, eleitor, decida não votar ou anular o seu voto, como contribuinte você continua tendo direito de contestar a atuação negativa de qualquer parlamentar ou governante.
O fato é que o mau comportamento da classe política, no campo ético e moral, bem como o descumprimento de promessas de campanha tem contribuído para o desinteresse dos jovens por eleição e vida política.
Júlio César Cardoso/Servidor federal aposentado, Balneário Camboriú-SC.