A época do “Deus me livre”

@FernandoRingel

Enquanto a Nova Zelândia debate a criação de imposto sobre gases e arrotos de bois e ovelhas, um russo disse ser astronauta e convenceu uma japonesa a pagar R$ 160 mil por seu retorno à Terra, para que pudessem se casar. Provando que este mundo é para profissionais, nesta mesma semana, familiares usaram fogos de artifício durante sepultamento, incendiando cemitério, em Belém, Pará. A piada na internet é que, embora ninguém tenha se ferido, os bombeiros ainda estão contando o número de mortos no cemitério. E tem mais: para quem fica com raiva de motoqueiro fazendo “ran-dan-dan”, em Patos de Minas, Minas Gerais, um deles tomou um tiro nas nádegas. Por pouco não foi empinar moto no além.

Enfim, o jeito é rir porque este planeta é cheio de ironia e gente complicada, como em Vassouras, Rio de Janeiro, onde alunos foram banidos dos Jogos Universitários de Medicina, por cantar: “Ei, eu sou playboy. Não tenho culpa que seu pai é motoboy”. O fato ocorreu pouco antes do último dia 10, quando o motoboy, Briner de César Bitencourt, preso na Unidade Penal de Palmas (UPP), Tocantins, morreu exatamente no dia em que seria solto… após provada sua inocência! Enquanto isso, a Assembleia Legislativa de Goiás decidiu que, além das três semanas de recesso eleitoral, os deputados poderiam emendar também o feriado de Nossa Senhora Aparecida. Pode ser irônico, mas aos que desejam um mundo mais civilizado, resta seguir em frente e não perder a fé… na política.

Deus lhe pague

Ninguém aguenta mais essas eleições, nem os candidatos. Lula anda tão rouco que poderia ser dublado ou legendado e Bolsonaro, no debate da Band, claramente precisava de uma pastilha para tosse. Afinal, já são dois senhores. Mas enquanto um acusava o outro de mentiroso, o brasileiro teve mais uma lição: Sergio Moro, ex- ministro da Justiça de Bolsonaro, que saiu do governo atirando, foi ao debate apoiando… Bolsonaro. Parabéns ao eleitor que perde amigos, ou até mesmo acaba na cadeia por causa de político.

Aparentemente, Moro estava tão “feliz” no debate quanto o presidente ao ver a jornalista Vera Magalhães, mas sua presença foi importante por reforçar o discurso bolsonarista sobre corrupção e segurança pública. É o tipo de apoio que não agrega votos, mas serve como recado para o eleitorado ou o mercado. É como o caso de Henrique Meireles, ex-Ministro da Fazenda do governo Temer, e do presidente Fernando Henrique Cardoso, pai do Plano Real, blindando Lula sobre acusações de risco para a democracia. Em uma eleição com poucas ideias, como a maior parte do eleitorado vota em um porque “Deus me livre” do outro, é aí que o apoio de João Amoedo, um liberal, significa “sangue NOVO” para a candidatura petista.

Por fim, sobraram acusações no penúltimo debate desta campanha, mas ninguém esclarece o que vai fazer na economia a partir do ano que vem. Por quê? Simplesmente, porque não se sabe a resposta. E isso também ocorre em boa parte do mundo. Aí, sobre os 600 reais do Auxílio Brasil em 2023, por exemplo, oremos e “que Deus lhe pague”.