Solo também é vida
Marcio Nunes
Muitas pessoas ainda não conhecem ou não percebem a importância dos solos, e sequer imaginam os riscos o planeta corre se este recurso não for conservado. Para começar, o solo é um recurso natural não renovável: ou seja, o solo que estamos perdendo por erosão, desertificação ou salinização não recuperamos mais, pois o processo de formação é muito lento.
Normalmente nos preocupamos muito com a disponibilidade da água e com a qualidade do ar, mas não podemos jamais nos esquecer do solo. Esta fina camada que recobre a Terra é a responsável pela produção da maior parte do nosso alimento, das fibras e da bioenergia. Além disso, tem funções básicas e muito importantes para nossos ecossistemas.
O solo fornece nutrientes essenciais para as florestas e lavouras, filtra a água e ajuda a regular a temperatura e as emissões dos gases de efeito estufa. Os solos das florestas e das nossas pastagens e lavouras têm o potencial de contribuir para mitigar as emissões por meio do sequestro de carbono da atmosfera na forma matéria orgânica.
A superfície terrestre contém cerca de três vezes mais carbono do que a atmosfera, o que significa que fazer mudanças estratégicas na forma como os sistemas de solo são usados pode ter um papel importante no combate às mudanças climáticas.
Mas, infelizmente, os solos nem sempre são manejados da maneira mais adequada para favorecer a preservação e o clima.
Aqui no Paraná, uma série de iniciativas ajudam a manter a qualidade do solo.
O estado é referência em descarte correto das embalagens de logística reversa, o que evita a contaminação.
Já o Projeto de Ressocialização e Combate à Erosão Urbana, realizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), por meio do Instituto Água e Terra (IAT), em parceria com as prefeituras, entrega tubos de concreto para galerias pluviais captarem e escoarem a água da chuva, combatendo as erosões. Os tubos variam de 40 centímetros a 2 metros de diâmetro com o objetivo de atender a necessidade de cada região. Desde 2019, mais de 36 mil tubos já foram entregues aos municípios do Paraná.
Outro projeto muito importante, que implantamos quando à frente da Sedest, é o Parques Urbanos – que incentiva a criação de parques em regiões de fundo de vale ou áreas com ações erosivas. Lançado em 2019, o projeto já recebeu investimentos de R$ 72 milhões, garantindo a preservação do solo e da água em 63 municípios.
Por fim, não podemos nos esquecer da importância das árvores para evitar a erosão e fornecer nutrientes ao solo, mantendo-o fértil.
Por meio do programa Paraná Mais Verde, o Paraná produziu e distribuiu mais de 5,5 milhões de mudas nativas de todas as espécies desde 2019 – o equivalente a 3 mil hectares (aproximadamente 3 mil campos de futebol).
Hoje, 3 de maio, comemora-se o Dia do Solo e do Pau-Brasil. A planta, que deu nome ao nosso país, foi amplamente explorada no passado e chegou às vias da extinção. Já quanto ao solo, cabe a todos nós preservarmos enquanto ainda é tempo.
Marcio Nunes é deputado estadual, ex-secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo e ex-presidente do Instituto Águas do Paraná